segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Des (o) Culto



O baile

A sociedade é um baile de máscaras. O cronista gosta de metáforas faits-divers e à la Palisse. É forçoso que estejas no baile mascarados, mas a ninguém a obrigação de dançar todas as músicas. Máscaras, porque haverá rostos. Se não, outras coisas quaisquer, tão vazias quão atrozes, pois prenhes de absoluto, infinito e eternidade. Em verdade, não há respostas à vista. Há, se tanto, aproximações. Inconformidades. Por conseguinte, máscaras e rostos que as determinam. E o cronista continua iconoclasta…


O fenómeno blogueiro

O fenómeno blogueiro em Cabo Verde é relativamente novo e carece de um olhar mais crítico e mais sapiente. Há quantidade e, dela derivada, alguma qualidade. Pessoalmente, não sendo especialista, mas blogueiro bissexto, só tenho a dizer que, às vezes, gosto e que, outras vezes, desgosto. Uns parecem carregar preocupações mais exegéticas que outros. Mas não virá o mundo abaixo por isso. Somos todos aprendizes de feiticeiros. O Blog pode também ser uma parafernália tecnológica, de múltiplas escolhas e possibilidades mediáticas, mas, em essência, puro brinquedo de quem o programa e o edita. Há Blogs de toda a sorte, uns melhores que outros, na proporção dos blogueiros (ainda bem) diferenciados…

O Poeta

Não falo desse restaurante de onde se vê a baía e o Ilhéu de Santa Maria. Falo do Poeta, conditio, a que Rilke referia como “sono de ninguém/sobre tanta pálpera”. E há aqueles versos de Maria do Rosário Pereira em que “num poema, mesmo manchado/de café, a chávena é certamente a/concha de uma mão – por onde eu/bebo o mundo, em maravilha, se tu,/bem entendido, fores o poeta”. O poema vai mais longe, mas este cheirinho já diz desta opção assumida pela metáfora. É só continuar a habitar o interior de tal texto.

A coruja de Ateneia

Derrubem os deuses. Rasguem, sem medo, nem piedade, suas túnicas. Amortalhem seus corpos. Esquartejem-nos. E fiquem depois nesse silêncio da liberdade. Só o silêncio poderá gritar dentro de nós a emergência de olharmos para as coisas. Esse silêncio profundo e mais integral. Filosofal, direi. Antes que a coruja de Ateneia levante o voo e, de partida, deixe sobre nós as sombras sem panaceia da vida. Antes que o prenúncio dos nimbos se abata sobre as nossas almas…

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