Mais um jantar em casa. Convívio. Éramos seis (eu, o meu irmão António, o Djinho Barbosa, o Abraão Vicente, o Mário Fonseca e o José Cunha). Prometi dar a receita da Canja à minha moda ao Djinho Barbosa e da Garoupa com Cogumelos guarnecida com Arroz de Grelos ao José Cunha, o homenageado. O vinho do branco do Fogo - pomada da Chã, como diria o Mito - de tão gelado, correu solto a brindar uma tábua de queijos. E foi tempo de abordar:
1º - As eleições americanas. Sem neutralidade possível, pois fossemos americanos, era ali meia-dúzia de votos para Obama. E, para broxar um bocado o ambiente, lembrou-se que as presidenciais americanas são por colégio eleitoral. Não houve palavrões...
2º - O ensino superior. A necessidade (ou não) de se proliferarem instituições (operadores académicos, diria) por estas ilhas para, em breve futuro, descer sobre o "mercado" a mão isenta, mas intransigente, do Regulador em critérios de pura qualidade. A competição saudável é aquela que permite sobreviver aqueles que se afinam pelo critério do preço-qualidade. O importante é a qualidade da educação e do know-how dos jovens cabo-verdianos.
3º - A insegurança. Aliás, a criminalidade que, para além da política social, da abordagem sociológica e dos direitos humanos, precisa ser atacada incisivamente. Pessoalmente, sou radical: falta uma atitude de assalto (em exacta proporção) aos assaltantes. É preciso assaltar à mão armada aqueles que, na calada da noite, assaltam os cidadãos. Horas mais tarde, soube que amigo fora assaltado na rotunda de Cruz do Papa por quatro thugs à mão armada. Os bandidos partiram saciados, vivos e felizes. Uma pena...
4º - A literatura. Falou-se da criação de uma Academia de Letras Cabo-verdianas. A AEC faria o papel de uma Academia. Em Cabo Verde, a rigor, nada transcende. Nem mesmo Amilcar Cabral que não é dignificado em justa medida. Basta ver a estátua na Várzea. O museu que ainda não se fez. E os discursos em datas de circunstância, de que já estamos fartos de ouvir. Os heróis não existem. Os artistas inexistem. É um Olimpo de merda (está claro que tais considerações são da minha responsabilidade)...
5º - A declamação que acabou por não acontecer. Do audio, vinha uma declamação de João Vilaret e ninguém prestou muita atenção à Ode Marítima, de Fernando Pessoa. E eu que guardara Cena de Ódio, de Almada Negreiros, para a sobremesa! Vinha também uma música de Miles Davis e vi que Djinho Barbosa terá acusado o toque. Discretamente. Tutu...
6º - A crise financeira. O roubo e o rombo da alta finança. De como a Islândia declarou a bancarrota e de como fica difícil falar em "confiança" nos tempos actuais. Wall Street foi o momento mais pornográfico da noite.
Éramos seis, numa mesa de oito. Faltou sushi, impossível de fazer no shakespeariano Reino da Dinamarca. Faltou Arménio Vieira. E um outro lugar vazio. Seria do meu outro eu, às vezes, errante e poeta? Vagabundo de mim mesmo. Esse maluco!
6 comentários:
Filinto, estás enganado. Esse outro lugar vazio só podia ser o meu!
Caríssimo,
Se estivesses na capital, obviamente que era um dos convivas a homenagear o Cunha.
Falou-se também do grande trabalho que foi o Mindelact 2009. Houve até gente que se apaixonou (não só pelo teatro, diga-se). Tanto que passou 50% do "time" ao telemóvel.
Se as vacas estão loucas, o jeito é bois a darem em doidos.
Um ab.
Caríssimo,
Se estivesses na capital, obviamente que eras um dos convivas a homenagear o Cunha.
Falou-se também do grande trabalho que foi o Mindelact 2009. Houve até gente que se apaixonou (não só pelo teatro, diga-se). Tanto que passou 50% do "time" ao telemóvel.
Se as vacas estão loucas, o jeito é bois a darem em doidos.
Um ab.
1. hummm. se não fosse por nada, ia dizer que isso é uma conspiração masculina!!! háháhá…
2. Filinto, desculpa este meu atraso, mas aqui vai os meus parabéns ao Pablo...
3. Gostei da «Onda»! E não te esqueças que estás convidado para um chá no Mondego ou na baía do Porto...
4. Bem que podíamos fazer um chazito da blogosfera berdiana!... (em qualquer sítio… seria bom que não fosse nem na Praia, nem no Mindelo!!!)
1 abraço
Eury
Eury, se me pagares a passagem, até que podia ser em Coimbra! hehe
JB, vivemos um tempo de crise, lamúria geral! Ainda tens uns trocos para o café? Só não venhas com essa de oferecer apenas meio café!
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