Lisboa. Meia chuvosa, meia ensolarada. Meia fria, meio quente. Outubro é assim. Outono tem disso. Lisboa e tu me dizes poemas de Manuel Alegre. Lisboa e não há acácias de Cabo Verde. Mas há pinheiros pela rama. Cheira qualquer coisa. Cheira bem. Ora jasmim, ora alfazema. Na FNAC, do Centro Comercial Colombo, os livros, os CDs e os DVDs são a minha desgraça. Meu caro amigo, at large, o sistema é multifacetado, incorporando também a sua ala marginal. De uma perspectiva mais complexa, estamos sempre dentro. Cagando, embora. O padrão é complexo: tese e sua antítese. Uma síntese da merda. Meu outro amigo, mais at-large ainda, em verdade nunca somos neutros. Tentemos às vezes ser isentos. Entre Bush e coisa alguma, somos este e jamais aquele. Entre McCain e Baraka, somos pelo "brother", sem ilusões desmedidas. As manhãs não cantam, senão a música de um Wall Street a vir abaixo. O estrondo, meus caros, é pior que aquele do Muro de Berlim, que até foi giro, giríssimo. O problema não seria nos cair em cima o Carmo e a Trindade. O problema, Mon Petit, é o Day After e, sem neutralidades, nem complacências, temos filhos a crescer. Se não os tivéssemos, juro me me apetecia ir ao alto da Torre Eiffel e mijar sobre a cabeça da multidão. Ou, então, descarregar a tripa, do alto do Cristo-Rei, o Redentor. Ontem, foi um dia e tanto. Reunião na Colliers e tudo. Investimentos, projectos, empreendimentos, essas coisas. Ainda há disso, apesar da crise financeira mundial e on process. Escrevo um texto para o Mito, that griot, que participa numa grande colectiva internacional. Não digo onde para não acordar os facínoras. Ao fim do dia, a Assembleia da República (portuguesa, naturalmente) chumbou a lei sobre o casamento dos homessexuais. Achei bárbaro, fascista e retrógado esse chumbo grosso. E em Cabo Verde, isso passaria? Quero ver o deputado com colhões para fazer tal proposta. Saúdo daqui o Maukie, o Hugo e o Pranchinha. Eles não ganharam Prémio Nobel, juro. Telefono ao Pablo e ao Denzel, estes são mesmo verdade. É pá, Lisboa, Lixboa, Luboa, minha cidade de Ulisses (o da mitologia, ó malta). Alis Ubbo. Olissipo. Al-Ushbuna. Meia chuvosa, meia ensolarada. Quente e fria, como a sobremesa do restaurante Espaço Lisboa. Não vejo os poetas. Nem o Marc está em Lisboa. Onde estão os alfacinhas, os saloios, os tugas, os berdianos, os ciganos, os outros brancos e pretos? Onde estão os indianos, os chineses? Fernando Pessoa no Rossio e Alexandre O' Neill seguindo o cherne. Sei os teus seios; sei-os de cor. Onde estão todos? Mas estás tu, minha alma, meu outro. Outubro é assim. Outono tem disso, Panterinha...
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