sexta-feira, 25 de abril de 2008

Trumpet


Todo de seu tudo

Dos versos meus, neste e noutro fala-se da morte.
O resto, do consorte, é todo ele sem cabresto
Transversas, em pinote, pedras e pedras, a teta
E o desferrar, quase proxeneta, do bebé-proveta…

Quando assim instaura o poema ou fonema
Por sorte, no meio da tecedura, tecem e fenecem
A textura e o miolo da palavra, a chula e a gula
Do Poeta, louco e de pouco prumo, filho-da-puta…

Reversos teus, lado outro de mim, enfim à solta
Ajuíza e giza o encontro das sílabas, ora pervertidas,
Ora invertidas, soletrando antídotos do coração…

Como estilete no pulmão, lâmina nesses olhos,
Como veneno, às vezes para o doce, tipo fruta,
Poeta que desfruta, do Paraíso todo de seu tudo…

Filinto Elísio

Nos lingua, nos kultura!




The Capeverdean Creole Institute will be most grateful for your presence at this event. Nos lingua, nos kultura!



Friday, April 25, 2008 - 1:00pm-6:00pm - Brockton, MA
Location - Massasoit Community CollegeStudent Center - Upper Lounge (next to the Library)One Massasoit Boulevard, Brockton, Massachusetts 02302

For directions visit: http://www.massasoit.mass.edu/


1:00pm - Book Fair Opens4:00-6:00pm - ALUPEC workshop6:00pm - Book Fair Closes


Saturday, April 26, 2008 - 1:00pm-7:00pm - Fall River, MA
Location - Bristol Community CollegeCommonwealth College Center - Atrium and Faculty Staff Lounge (Parking Lot 12)777 Elsbree Street, Fall River, Massachusetts 02720


1:00pm - Book Fair Opens2:00-2:15pm - Welcome RemarksJohn Sbrega, President of Bristol Community CollegeJoanne Preston, Dean of Humanities and EducationJosé Costa, Director of LusoCentro2:

15-2:30pm - Remarks about Conference and the Book FairCarlos Almeida, Assistant Director of LusoCentroManuel Gonçalves, President of Cape Verdean Creole Institute (CCI)Joaquim Morais, Director of the Institute of National Library & of Book

2:30-4:30pm - Panel about the Construction of National IdentityNezi Brito- member of CCI (moderator)Manuel Brito-Semedo - (in the perspective of the book: A Construção da Identidade Nacional- Análise da imprensa entre 1877 e 1975)Fátima Bettencourt - (representation of national identity in the memory of immigrants based on the book Mar - caminho adubado de esperança)Adelaide Monteiro - (national language - linguistic policy as an instrument of preservation and promotion of one of the main elements of national identity)

4:30-5:00pm - Book Signing

5:00-7:00pm - Reception, with traditional Capeverdean musicpoetry readings by Daniel Spínola, Rosendo Brito, and Vasco Pires

7:00pm - Book Fair Closes


Sunday, April 27, 2008 - 11:00am-5:00pm - Dorchester, MA
Location - Catholic Charities of Greater Boston/Teen Center at Saint Peter's Church284 Bowdoin Street, Dorchester, MA 02122
11:00am - Book Fair Opens1:00pm - Dance performance by CV St. Peter's Center and music by Djamila Cardoso and Mizael Ribeiro, Burke High School

1:15pm - Poetry reading by Cape Verdean American poet, Jarita Davis

1:30pm - Celebration of Cape Verdean Poet, Pedro CardosoManuel da Luz Goncalves, President of Capeverdean Creole Institute Maria De Jesus Mascarenhas, Consul General of Cape Verde, Boston Joaquim Morais, Director of National Library, Cape VerdeManuel Veiga, Minister of Culture, Cape VerdeCarla Martin, Graduate Student, Harvard UniversityManuel Brito-Semedo, Author and Professor, Cape Verde3:00pm - Talulu and Band performance

4:00pm - Nenas and Band performance

5:00pm - Book Fair Closes


Capeverdean Creole Institute Contact Information


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Diatância de Todas as Coisas




Do paraíso
Foi o homem expulso
Banido e expulso
Banido e expulso
Mas homem.
Valentinous VelhinhoIn “Tenho o infinito trancado em casa”


Poeta

Vejo raramente o poeta Valentinous Velhinho, amigo de infância e da adolescência. As nossas vidas parecem paralelas e tendem a encontrar-se no infinito. De quando em vez, temos furtivos e rápidos encontros e aproveitamo-los para falar das coisas que nos comovem: palavras nossas e a dos outros. Metáforas que enroupam as palavras. Ambos amávamos eternamente as nossas mães e perdemo-las na espuma dos dias. Em boa verdade, viemos órfãos para esta vida quando soubemos, desde o início, que as nossas mães também haviam de partir. E, quebrando esta rotina, diria até esta ausência instituída pelo Destino, vou visitar o Poeta em sua casa. Supõe-se ter ele ali o infinito trancado.

Cartoon Network

O primeiro canal dava uma manifestação no Tibete. O segundo, qual Casimiro de Pina (meu amigo), discorria sobre Robert Mugabe. O terceiro insistia que o Irão estava a enriquecer o urânio. Já no décimo, Barak Obama e Hilary Clinton discutiam a retirada (ou não, imaginem) do Iraque. Creio ser no 14º, pois já perdera a conta, a vergonhosa fome em Darfur. Às tantas, impróprios para quem ama a poesia e desaconselháveis para o Pablo ao meu lado, rendo-me à lógica de assistirmos aos bonecos animados…

Omar Camilo e a plástica

Há dias, lendo o Blog de um amigo, deparei-me com a lista dos artistas plásticos cabo-verdianos. Ali estavam, segundo o critério do Bloguista, dos modernos aos pós-modernos. Vinham até os que, por razões não muito claras, ficavam fora da lista. Em verdade, uma vez mais, o poder do discurso torna-se um discurso do poder e, como tal, esboça o seu arquétipo e aparato. Convido o pessoal a visitar o cubano-caboverdiano Omar Oliveira e pousar um olhar sobre as suas telas plásticas. Ouso dizer (sem pretensões de dono da verdade) que ali, nesse ateliê / apartamento, se esboça o melhor da plástica contemporânea.

Dor de uma simples rosa

Segundo Eça de Queiroz, a morte de milhares de chineses, na longínqua China, era apenas um dado estatístico. Se o vizinho da esquina quebrasse a perna, tal tragédia nos seria mais relevante. Entretanto, não deixo de ficar preocupado com o que se passa no Tibete. Não para fazer alguma consideração atrevida e inoportuna, muitas vezes a servicinho alheio, mas porque o canal um apresenta uns olhos tão próximos de um tibetano perseguido. Nem estou a pensar na Globalização, mas na Humanidade, esta coisa que nos atravessa, em profundidade, e nos faz sentir a dor de uma simples rosa.

Distância de Todas as Coisas

Recebi, quando saía para o Aeroporto Internacional Pinto Martins, de Fortaleza, o livro “Democracia e Constituição – Estudos”, uma homenagem de vários constitucionalistas ao Professor e Poeta Dimas Macedo. Agradeço ao Professor Edmilson Barbosa a amabilidade da oferta e, com emoção, agradeço a Deus pela amizade com o Poeta da “Distância de Todas as Coisas”.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Nhô Mulato - kudi baxon


Vamos fincar o Mastro no coração de Cabo Verde, porque morreu, aos 98 anos, Francisco Fontes, conhecido por Nhô Mulato. Absortos todos no desenfreio de um crescimento económico e de uma política de circunstância, nem todos fomos – as autoridades, as personalidades e as entidades culturais, por exemplo, lá não estavam – a acompanhar o decano das Bandeiras de Cabo Verde à sua última morada. Mas estavam presentes os populares, em lágrimas e alvíssaras, com tambores e bandeiras sobretudo – kanizados das horas substantivas –, a prestarem homenagem a Nhô Mulato.

Com uma longevidade dedicada à Banderona, manifestação cultural dos devotos a São João Baptista, que se realiza anualmente em Campanas, entre os meses de Janeiro e Fevereiro, Nhô Mulato, fora o Kordidjêro, figura com o supremo poder de orquestrar e de dirigir os 24 dias de festa rixa e desabrida, considerada por muitos como a maior e a mais ancestral de Cabo Verde.

Envolvendo uma estrutura complexa, a Banderona, como todas as Bandeiras da Ilha do Fogo, tem os seus arreias e as suas romarias, umas sagradas, outras profanas, mas todas de profundo sincretismo, onde os populares dão largas aos seus sentimentos de devoção e à memória histórica.

Os juízes, os padrinhos, os tamboreiros, os kanizados, os coladores e as coladeras, as cozinheiras, os ladrões, os escravos, os santos e os demónios, bem como os entes vivos e mortos, todos os imprescindíveis do arquétipo e do conteúdo da sociedade de Campanas, choram a partida de Nhô Mulato e festejam a continuidade da Bandeira de São João Baptista, já que a morte é apenas uma etapa da vida, senão mesmo sua continuidade.

O que envolve a Banderona vem do antanho e tem a ver com a nossa espiritualidade. Não valerá a pena seguirmos a estrada dos novos dias, se deixarmos pela caminhada a nossa alma ancestral e o nosso sentido primordial.

Vamos parar tudo, mas tudo, nessa hora grave e ouçamos a voz dos cantores e o rufar dos tambores (todos os tambores de Cabo Verde afinal). Mulato morreu. Estremeça o mundo, como diz a lenda, à procura dos três meninos e os sons do fim do mundo. Venham chuva, raio e trovão. Venham todos. Hora grave. Di kudi baxon. Vamos fincar o Mastro no coração de Cabo Verde!