sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Otherwise

Upgrade bo demokrasia
Quem acusa (direito que a democracia concede) tem de dar a cara e o ónus da prova. E o cidadão (outro sagrado direito democrático) é inocente até que se prove o contrário. O cidadão tem o bónus da inocência. São estes os mínimos olímpicos da convivialidade democrática. Se há nebulosas e sinais de práticas perversas, para não embarcarmos no bote de propalar "corrupção!", no que tangem aos assuntos de interesse público, o correcto e o aceitável seria envolvermos, de pronto, a Procuradoria-Geral da República. Por detrás das espumas dos dias e do que aparenta certas situações, por complot de uns ou make-up de outros, estarão poderes ocultos a manipular informações e enxertar cenários, tão escabrosos quão tenebrosos, a ver se será desta o ruir da Casa. Falaciosa e covarde a desculpa para se permanecer anónimo. E medíocre a imprensa que não se estriba em fontes limpas e em pilares sólidos. A política não pode tudo. A política não totaliza os direitos e os deveres, quanto mais os fundamentos do bom-nome e da privacidade (ditames da democracia, pois concerteza), que conformam o arquétipo da cidadania. Otherwise...o inferno astral.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Mais um grau de separação

Mais um grau de separação
Para radical faltaria pelo menos mais um grau de separação. Almejar movimentos culturais e sociais, bem como aqueles políticos, alternativos, são questões comportáveis no parâmetro democrático, e mesmo constitucional, cabo-verdiano. Nada de radical nesse pensamento e nesse gesto, por sinal necessário nesta "hora madura". Para radical precisaríamos de maior aprofundamento e afrontamento filosófico, com ou sem respaldo prático. corolário de uma profunda análise e diagnóstico da situação. Radical fora Amilcar Cabral. Mandela também radicalizou o sistema. Já Barack Obama é um grande reformador, embora com simbolismo radical. Mas, de todos, Jesus Cristo seria o grande radical. É a filosofia o motor das grandes dialécticas...




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Covardia


Acompanho, pela imprensa, a sórdida e vergonhosa, para não dizer absolutamente covarde, agressão contra a jornalista Margarida Moreira, da Televisão de Cabo Verde. A violência doméstica, crime ora público e quase sempre hediondo, mas frequente nestas paragens, merece o nosso repúdio e o nosso ódio consequente. A força da minha simpatia humana pela vítima, neste caso Margarida Moreira, é proporcional ao ódio que guardo a essa besta quadrada disfarçada de ser humano. Que tratamento dar a criminosos de verve tão rasteira e vil, cujo denodo se agrava a nos rarearem o oxigénio que respiramos? Um justiça morosa e branda, uns direitos humanos que "humanizam" o bandido e uns brandos custumes que reproduzem o inferno, dirão uns. Uma exoneração laboral ao infeliz, uns anos de xadrês ao amofinado e umas imagens do selvagem na televisão, dirão outros? Eu fico na mediana, meio enojado. Apetece-me vomitar...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Desobediente


Zeitgeist


Estes tempos andam grávidos de mudança. É a força misteriosa (ou será oculta?) da Zeitgeist. Novas gramáticas, que impactam novas posturas, afrontam o porton d´nos ilhas. Redy Wilson Lima escreveu: Precisamos sim de um movimento activo, desobediente quando tiver de o ser e preparado para fazer campanha ao voto branco em 2011 se necessário for. Esmiuçando tal sentença, se calhar precisávamos de uma terceira via activa e consequente que não votasse em branco em 2011, mas que fizesse eleger uma alternativa credível, apartada do continuismo e da alternância, afinal faces crónicas da mesma moeda. Quanto ao "desobediente", isso ficaria por conta do cidadão sempre que a "força bruta" raiasse os Direitos Humanos e os da Cidadania. É preceito constitucional de resto e, espera-se, que os revisores não o tirem da Lei Mãe...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Das Kapital

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprarbons caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado"

Karl Marx, in Das Kapital, 1867

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Momismo & etc


Às vezes, é contra o Golias que apetece fazer isso. Outras vezes, o David também não ajuda. Aqui, é o pessoal do Murdeira Beach que se descuida e merece vaias iconoclastas. Acolá, é a Bloga, da mais duvidosa, que merece o arreio das calças. Quase sempre, é o cronista anti-crónica a levar com a gaita ao léu. Enfim, se gramais máscaras, o Carnaval ainda está no adro e nós, que somos (em causa e consequência) das Cinzas, seremos de outra tradição, verve menos galhofeira, porém não somenos pagã. Mudem de missa que mudamos de manifesto, arre...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Take it easy


Cada post

Sei que perscrutas o Albatroz a cada post e, ao mínimo desvio de sintaxe, lá estás tu, com mão estrita, a corrigir-me o deslize. Olha que a vírgula está mal posta. Andas com um português de deputado, poças. Vê-me lá isso da inversão dos pronomes. Sei também que escrutinas, ao milímetro, a semântica do que escrevo e, por ti, as palavras passam a ser um jogo, hermético para os outros, mas axiomático aos teus pressentimentos. Tens andado na lua ou no luar? Onde será fantasia e quando é realidade? O espelho que te olha é um políedro maluco, está-se mesmo a ver. Sei ainda que o fazes por crença, quando não por fé, e, se dou por fim este Blog, dolosos serão teus dias. Que outras aventuranças se não estas de te navegar em intertexto? Que outras metáforas voam, elas iguais ao "Príncipe das Nuvens", em cada lapso do que dizes?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cicciolina

Sala de espera no Aeroporto Internacional de Lisboa. Há um voo que parte para Londres. Queria ir para Londres, pessoal. Estar à beira do Rio Tamisa. A dar uma de snob no smog. Na porta 19, outro voo com destino a Rio de Janeiro. Carnavalíssimo voo e nós neste friozinho. Você viaja para Luanda?, pergunta-me uma senhora com três malas de cabine. Vou para Tapadinha, respondo a brincar. Linda senhora. Queria declamar um poema, mas a loucura foi proibida nos aeroportos desde 11 de Setembro. O mal que Bin Laden nos fez! De facto os bombistas suicidas fizeram-nos cá um serviço! As manifestaçoes deviam ser em striptease. À Cicciolina. Abaixo o capitalismo, os ismos todos. Ah como seria giro que a Cicciolina estivesse sentada nesta zona da Porta 17 - TAP/Ilha do Sal: 21H55...

silente borboleta

fevereiro sol que se abre
claridade e flor perfumada
primeva e silente borboleta...

fevereiro sol

Escrever, em pastiche e no intertexto, sobre A Cerimónia de Adeus, a belíssima obra de Simone de Beauvoir, é capaz de confundir alguém. É no que dá o hermetismo. Em verdade, quixotismos à parte, temos de nos render à província e ao provincianismo. Entre afazeres, que são muitos à hora do regresso, tenho apenas tempo para garatujar um haikai sobre...o fevereiro sol que se abre!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Azul

The Courage My Dream Deserved
Laura Baltzell


Nada como ouvir Princesito a cantar Azul, um batuku progressivo, uma lírica em skating e um arranjo com a boa griffe de Hernani. Espectacular. Minina si bu mai folau, minina n ta nhemeu ti n farta...

Revertério, poxa

Jean-Paul Sartre
Devid Levine


Regressa do aeroporto e tem um revertério existencial. O que é a cerimónia do adeus? Apenas a incontinência urinária, as mãos trementes e o súbito esquecimento dos nomes? O tal peripaque da alma, uma coisa miserável que nos faz chorar de solidão? Ou apenas de uma canção mais triste, uma de Edith Piaff, por exemplo, como aquela do Gab's? Está no quarto do hotel e na diagonal vê a estátua descomunal. Lê os Blogs todos: dos poucos interessantes aos vários cretinos, passando pelos mais-ou-menos. Who cares? Um samba-enredo que vem do portátil, Que Merda É Essa, sua escola dilecta do Carnaval carioca. Eis o refrão: Não estressa/Que merda é essa. Antes era I Trust My Dealer, de Montage. Bom ki bali. O que ainda sobra desta tarde de domingo são uns poemas de Charlotte Brontë...




sábado, 14 de fevereiro de 2009

Cronópios



Valentine´s Day


Tão estrambólica quão escalafabética é a cidade em dia de São Valentim. O cosmopolitismo? O gajo transmigra-se para o provincianismo. Tirando-lhe o West Side Story, ora em cartaz, e a exposição sobre Charles Darwin, na Fundação Calouste Gulbenkian, tudo isto é uma grande província. Os saldos voltam-se-lhe para os namorados. Os casais saem por aí a comer nos restaurantes. As floristas facturam mais do que no resto do ano. E os cinemas estão cheios. Lamechas e pieguices para dar e vender. Zouk love pelas ruas. Ou boleros antigos, do tempo da Maria Caxuxa. Triste fado. É pá, piroso...


Marginal


O amor é uma zona marginal. Não se compadece com as tricas comerciais, nem se assume consumista. É coisa de "maldito", de quem se expulsa do Paraíso e vai feliz à sua condenação à morte. O amor é uma zona subversiva...


Crise pela Tapadinha


A crise já nos bate à porta. Basta toparmos os resultados do desempenho da economia. Quando o vendavel nos leva a pedra, do balaio nem queiramos saber. O governo tem de começar a agir, em caracter de urgência, para libertar a economia do encolhimento dos bancos, estimular novos empregos e reduzir a pobreza. A situação é extremamente preocupante, embora a elite crioula esteja ainda preocupada com a eventual ida de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid. Precisávamos promover o investimento público a sério e buscar novos emissores de turismo. Que ninguém se impertigue comigo, mas o que mereceria agora uma reflexão conjunta e cruzada era a crise. Por Júpiter...


Matar tudo o que mexe


Enquanto isso, skinheads atacam em Zurique, Roma e Londres. A crise económica torna-os mais raivosos. Poderoso era aquele general angolano que, em pândega rixa, mandava a força aérea matar tudo o que mexe. Aqui dito em sentido figurado, bem entendido. Mas, às vezes, contra a raivosa do racismo, apetece ter power...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Bosão, tetrápodes e sujas


Lisboa revisitada

Entre uma obrigação e outra, escrevo este post. Oferecem-me "Quente, Plano e Cheio", de Thomas L. Friedman. Nesta Lisboa revisitada, receio que me tomem por um freak excêntrico, quando o meu dilecto é arroz de atum, caprichado nos pimentos. Coentros e alhinhos, que são um must. E aninhado no cúbiculo na cidade da Praia. Quando não somos freaks, somos histéricos. Existencialistas histéricos. Um pacotinho de Doritos, um molho de tomate, salsa e malagueta e uma cerveja de pressão. Há dias que basta isso. Outros dias, poderá ser frango ao molho pardo, com arroz branco e umas aletrias. Por motivos de força maior, é sexta-feira, 13. Mas podia ser 14, que os números são infinitos...


Extravagância

Entro de repente na FNAC e com sofreguidão de um assaltante (confesso-vos a adrenalina), apanho livros de Jakobson, Althusser, Derrida, Barthes e Saïd. A biografia não autorizada de Michelle Obama não me interessa, minha senhora. Tivesse eu o dom da ubiquidade haveria de ler de lés-a-lés tudo de Mia Couto, mas, sou apenas um chato, preferindo devorar Nietzsche. Exalto-me com Susan Fiske. Não há como sustentar tanta estravagância...


Criação

Na minha bola de cristal, bem como nesta franciscana igonorância, Charles Darwin tem razão. Vale animalizar os homens todos. E, quem sabe, humanizar os macacos. Não estou para eugenias dos betinhos, mesmo quando bloguistas compulsivos, carago. Tão pouco tenho paciência para criacionistas do fim da estação. Estais a patuscar ad nauseam os 200 anos de Charles Darwin? Tendes o meu modesto aplauso e o meu saravá que não vai à feira. Eh, pá, tá quieto. O próprio conceito da efeméride, obscurantista e burguês, é que me desinteressa. Atentemo-nos à hermenêutica que é um motivo perene. Diante do transmutativo de uns percebes e de uns mexilhões, quando não de outras lengalengas aqui no cataplana, importaria que, de macaco ridente a porco triunfante, passando pelo Homo Politicus de AK-47 em punho, apenas fossemos honestos com o Tempo...

Penso, logo inexisto

Meninos,

O fim do neoliberalismo traz-nos a marca da besta na testa. Terá sido o recuo para o mercantilismo com as suas medidas proteccionistas. É a Idade dos Média e dos capitalistas medíocres que já levavam o barco à pedra. Nada de Pierrot, nada de Pigmalião. O Teatro acabou. Ninguém pode ou deve estar eufórico (e muito menos alegre) nesta era do inexistencialismo. Nem os pin-up ambientalistas, nem os bestas das marinas sobre a ecologia. O fulgurante colunista de serviço decretou morte aos poetas. Aos artífices da palavra, em que, pela rama das metáforas, se arriscavam Cristo e Anti-Cristo. Blog também pode ser fascista. Ai, pode. Será que poderemos descortinar luz no fundo desse túnel do egoísmo? Não briguem porque nada valerá mais a pena. Deus é um verbo à-toda, propalava-nos esse maluco do Sal. Era Woody Allen a dizer: “E se nada existir?! Neste caso, paguei caro demais pelo tapete da sala”...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A quem possa interessar



A quem interessar possa

Uns queriam que escrevesse sobre as presidenciais. Do arranque prematuro (mas legítimo) de alguém, num festim onde há figuras que, por incompatibilidade institucional, devessem estar ausentes. Outros insistiriam que cronicasse sobre a revisão constitucional, mas eu, desavindo e nas minhas limitações, surfo nas ondas existenciais. Uns e outros chateiam-se. Hihihihi. E isso até me “energiza”. Escrever sobre outras loisas. A quem interessar possa…


Dança das Ilhas

Depois do telejornal (a melhorar, diga-se de passagem) e da novela (como assumido telespectador bissexto), saio da TCV e vou para o TIVER, onde Manuel Inocêncio Sousa dá uma excelente entrevista. As infra-estruturas têm de ser sustentadas. No meu browsing televisivo, assisto a um show de Kim Alves, pela RTP África. A produção não é interessante. Mas Kim Alves é um património


Melhor Idade

Lindo é ver Manoel de Oliveira, que atribui os seus 100 anos a um capricho da natureza, na Berlinale. Vi-o, pela televisão, cheio de crença e de graça, a instituir – que Arte! – a Terceira Idade como a Melhor Idade…


Tão lindo quanto

Cesária Évora, artista que não canta em países em guerra, recebeu em Paris, das mãos da ministra francesa da Cultura, Christine Albanel, a Legião de Honra de França, condecoração que lhe foi atribuída, em 2007, pelo então presidente francês, Jacques Chirac. Tão lindo quanto o feito de Manoel de Oliveira, será este da nossa "diva dos pés descalços"…


E por falar nisso

O meu pai cumprirá 80 anos neste 2009. É um dos homens de quem gosto muito. Muitíssimo. Dono de uma erudição incomum, o senhor Anastácio Filinto prende a minha atenção com a sua conversa interessante, o seu sentido de humor e o seu encarar a vida com rara poesia.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009


Blog


Blog é site de autor. Às vezes, pode ser animado por colectivo. Outras vezes, prestar-se-á a joint. Mas, estruturalmente, Blog é para o ego meeeeesmo. E depois? Jorge Tolentino escreveu isto: cada Blog tem a sua razão de ser e estar. Que é fundamental que cada um se sinta bem. Com descontracção, sobretudo. Sempre que escrevo um post, digo para os meus botões merde à celui qui lira. Que dimensão cósmica nos empresta este Fevereiro, por exemplo? Vejamos todo o insólito, dir-se-ia explosão de uma supernova. Viemos de Deus? Dos deuses? Dos não deuses? Do Big-Bag? Ou do Rebond? Quem sabe ainda nem tenhamos vindo. Que frio na cidade da Praia. Entro num Starbucks imaginário e du café, beaucoup de café. Du Café Margoso. Diante da Gare, os clowns e os robocops confrontavam-se. Enquanto isso, benjamins de merda preparam-nos a constituinte. A actualidade vampiriza a realidade. Hay que endureserse...


Turismo


Quanto ao Turismo, eis o sector que precisa ser requalificado em Cabo Verde. Com urgência. Não apenas para transcender o binómio sol & praia, mas para acrescentar melhor e mais diversificada oferta. Este País tem potencialidades ambientais, paisagísticas, culturais e históricas. Potencialidades humanas, sobretudo. A promoção turística deverá passar por mais complexidade e mais ousadia. Reinventemos a nossa opção pelo Turismo. Crioulizemos o Turismo! Alupekemo-lo. Distanciemo-nos dos caminhos tomados no Sal e na Boavista posto que, soberanos da silva, não nos contentamos chulos, putas, passadores de droga e vendedores ambulantes. O importante é recolocarmos o eixo no Arquipélago e não nos aderirmos ao circuito de forma atávica e acrítica. Não podemos aceitar o estatuto do indigenato recauchutado, nem levar a cabeça para o altar dos novos canibalismos do capital. O Turismo é, antes de mais, diálogo e conhecimento. É, antes de mais, afã antropológico. E que seja sustentável, no que a semântica empresta força a tal sentença…

sábado, 7 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Scarlett Monumenta

Be-Skeptical!


Low probability of occurrence

Nas primeiras leituras deste dia, em que os meus alabastros se reforçam e as minhas aldravas se amanham, soube que o Procurador da República levantou uma "fiscalização sucessiva abstracta da constitucionalidade e legalidade". A avançada idade de um Juiz-Conselheiro - 83 anos - é o motivo que leva o Ministério Público a tal iniciativa. The lies come crashing down…


Skeptoid 1

Pago para ver no que vai dar a impugnação do PR. Fico da arquibancada de ver passar o Carnaval. O bloco dos napoleões retintos e os pigmeus do bulevard, como diria Chico Buarque. A Caixa da Pandora foi aberta. Que tal faça escola e jurisprudência. E, se eu chegar aos noventa, bisnetado e gagá, queria também ser “nomeado” Presidente do STJ. O giro que tal não seria…


Blogaria

Os Blogs, da joint ou fora dela, mesmo que dos Blogtrotters, devem ser encarados como uma franja importante da opinião pública. Que as verdades, relativíssimas da silva, se proliferem. Verdades para dar e vender. Saldos de verdade. Sold out. Deboles. Tutti deboles. Isso de haver egos à mistura é normal e saudável. Vivam os egos, baluartes de cada um para que não se torne totalmente infeliz. O problema do mundo nunca foi o ego, mas o egoísmo. Bloge-se quem puder…


Ó Balentin, óóóó

Não se compraz o amor com a indiferença, razão porque me dilacera a dor de uma simples rosa…

Argila

Em duas partes
a vida se divide
e em duas artes
o imponderável
do corpo se revela.

Pela primeira arte
o rito do amor é chamas;
pela segunda
o mito da paixão é dádiva.

E a dor de não amar
o amor é devaneio torpe
porque o prazer inflama
a dor de não doar
o corpo ao precipício.

E tudo que tu dizes
o barro dos teus olhos
o brilho do teu rosto
o sal dos teus dedos
de marfim e tédio
tudo é impasse
pois tudo está exposto
à liturgia da divisão das partes.

Dimas Macedo

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

When the saints go marching in

We are trav'ling in the footsteps
Of those who've gone before,
And we'll all be reunited,
On a new and sunlit shore,
Oh, when the saints go marching in
Oh, when the saints go marching in
Lord, how I want to be in that number
When the saints go marching in
And when the sun refuse to shine
And when the sun refuse to shine
Lord, how I want to be in that number
When the sun refuse to shine
And when the moon turns red with blood
And when the moon turns red with blood
Lord, how I want to be in that number
When the moon turns red with blood
Oh, when the trumpet sounds its call
Oh, when the trumpet sounds its call
Lord, how I want to be in that number
When the trumpet sounds its call
Some say this world of trouble,
Is the only one we need,
But I'm waiting for that morning,
When the new world is revealed.

(Popular)

Have you met Miss Jones

dos versos, como dos vates, nos alpes,
tal qual à neve, apaixonada tu das névoas,
das paisagens baças, que das metáforas,
direi, sopro dos pubs, mesmo que proves,
brisas dos beirais, choupos e janeiras,
este amor de vida toda, o mirar o tibre,
o sol atreito de uma tarde que parte
o alarde pretérito das horas impúdicas,
e tu, ouvindo blues, sejas noite infinda,
fria...

filinto elísio

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ventania

balint zsako


Quando venta


Venta em Cabo Verde. Às vezes, com o pó de terra. Outras vezes, com o friozinho da boca-da-noite. Quando venta, lembro-me do conto “Noite de Vento”, de António Aurélio Gonçalves, prosa crioula insuperável. O vento, na Fonte de Filipe, vem de longe, de terras desconhecidas. Aflora a Assomada de João d´Évora com um rumor de fornalha, crepitando por uma linha de cumeadas. Belíssimo! Venta. Ventania. E alguém me diz que, diante de tamanho apagão, deveríamos pensar na energia eólica a sério, pois esta alimária dependência dos fósseis inibe qualquer pretensão competitiva. Venta e isto me sugere um campeonato de windsurf. Do kitesurf. E isto, bem feito e com parcimónia, já seria economia. Nem sempre economia é hard, podendo no nosso caso ser soft – dos serviços. Do conhecimento. E do entretenimento. Venta em Cabo Verde. E o cata-vento, no cimo desse telhado, me ensina que mudar de rumo (do País, que não há meias-medidas) é sisma de povo heróico…


Suprematura


Dos 33 aos 83… refiro-me obviamente ao STJ. Ou da absoluta inocência à absoluta falta dela, passando pelo pacto partidário a nos impor juízes, e a desvirtuar, uma vez mais, o espírito constitucional que ora reclama, como pão para a boca, urgente revisão. A amplitude etária de 33 a 83, que é do imberbe brio ao caducado relator, é o intervalo com que a nossa Justiça doravante se assenta, estando metade do País a deplorar a promíscua confusão entre o pacto e o conluio. E deste novo arquétipo, cuja desnatura espanta o nosso demónio aquiescido, só nos restará o refrão do hilariante poema de Arménio Vieira – somos animais de capoeira! – vate que reflectirá a zoomórfica sensação diante dos dados lançados. Por que teremos de passar aos nossos deuses tamanho cheque em branco?! Dizer mais que isso não será apanágio de cronista, mas de toda a cidadania deste arquipélago que, a estas horas, deveria ocupar as ruas…


Esse “ntufato”


Tal como um “entremeio de calcinhas” ou um “ciccioto di mezzanote”, assim a imitar o Setebelezas, o Prancinha gozava dos “novos revolucionários”. Os rapazes e as raparigas resolveram, depois de algum espavento, matar-nos o velho. Seria para amanhã. Mas a estória que broxou a História, já que a intenção era mais risível que o siso, fora de o velho estar morto desde ontem. Diante de assaz desprimor que o florilégio da leviandade permite, essa rapaziada resolve, de uma assentada, emigrar-se para o novo território da semântica. Estou hermético? Não se riam, mas, no começo, era o Verbo… (mas só sintaxe, companheiros).

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dos Navegantes

Quando o meu filho Denzel nasceu, há exactamente 17 anos, uma amiga, aficionada pelos oráculos, quis que o baptizasse com o nome de Iemanjá (Yèyé omo ejá, em Iorubá), orixá que semantiza a mãe das águas. Há bocado, em chat com o Mito, este me manda os versos de Arlequim Desconhecido, de Ivan Lins. Mais ou menos assim (só um cheirinho):Quem brincará?/Quem dançará?/Quem sairá de arlequim?/Quem tocará?/Quem chorará?/Quem gemerá seu bandolim? Acabei por escolher Denzel como o do menino, pela forma como Denzel Washington representara sua personagem no filme Mo Better Blues, de Spike Lee, e porque nesse dia nevava tanto em Boston, e havíamos ido, eu e o Vadinho (poeta Valentinous Velhinho) curtir o Harlem Blues, no Wally´s, que era nossa catedral. Era o dia em que Dona Mindoca virava avó. Era também dia da Nossa Senhora da Conceição. A dos Navegantes. Quem terá o trabalho louvado?/Quem terá o destino sagrado/pra fazer minha gente feliz novamente?

Regresso


Michelangelo Buonarroti


Cheguei. Tô chegando, companheiros. Venta na cidade da Praia, alternando calor & frio. Os dias passados foram de caleidoscópicos. Vi cores invertidas e a minha mente repassa os momentos em carrossel. Com música. Em allegro. Andante sempre. Como na minha infância: Ainsi font, font, font/Les petites marionnettes,/Ainsi font, font, font/Trois p'tits tours et puis s'en vont. Cheguei outro. Melhor dito: chegou-me o outro. Em casa do meu editor - do editor do Li Cores & Ad Vinhos, diria -, faz-se uma noite de cachupa, vinho & poesia. A mesa, quando é semanticamente mesa, vira um Banquete de Platão. Ou uma ceia, para lá da derradeira, onde se trai o situacionismo. Hoje, estou nos meus dias...é do regresso!