sábado, 13 de dezembro de 2008

Rinocerontes


Penelope Cruz

Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen)



1.


Tenho por mim que vivemos tempos históricos. Estamos a ajustar o ALUPEC e, depois de tanto silêncio esquivo, estamos a admitir a oficialização do crioulo. Do Cabo-verdiano, como disse (e bem) Schofield. O pessoal do Pró Praia lida agora com teses novas: retirar da Constituição a figura de Estatuto Administrativo Especial para a cidade da Praia. Pode? Tanto os que o defendem, como os que o questionam, não trazem argumentos fortes. Queremos que, sem crise, mas com crítica, tudo seja reflectido na praça pública. Na praça virtual, pelo menos. Tempos históricos, pois, mal ou bem, começam a emergir novas sociabilidades de pensamento e de acção nos campos da Estética e da Ética, do Pathos e do Ethos


2.


Tudo é relativo. Einstein e Sartre, se cruzados, dariam o suco de tudo ser relativamente existencialista. Mas há coisas piores que outras. Pior que uma pedra no sapato só um grão de areia no preservativo, já dizia o outro. Estarmos com menos 10% de pobres é sempre menos mau que há seis anos. Não será para dar foguetes e alvíssaras, pois há uma multidão a lidar com a pobreza franciscana. Pedra a pedra, este País vai desacelerando os espectros da escravatura, da fome e do êxodo, e se afirmará no ideário dos versos de Mário Fonseca – Quando a vida nascer -, atrevimento de almejar o infinito…


3.


Romântico? Ledo engano. Estou farto das bestas-quadradas, da maioria silenciosa e da Morabeza. Dos betinhos acéfalos. Dos rinocerontes kafkianos. Naturalmente que entendo que há mudanças que se fazem de forma incrementada e que o tempo não tem de ser encarado com ansiedade. Há que evitar ejaculação precoce com a História. Ademais, camião cheio, sobretudo de carga inflamável, não faz tanto ruído. É preciso que impludamos contra o instituto do feio, do grotesco e do óbvio. Toda e re-evolução germina de um ovo que se subverte…a seu tempo.
Nota: Agradeço a M.J.M., do Blog http://teatro-anatomico.blogspot.com/, a "mudança" da fotografia. Mande sempre...

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