quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Kriolo

Kriolo
Mito


Singularidades de uma Rapariga Loira

O cineasta português Manoel de Oliveira, a cumprir hoje 100 anos, é um elogio à Arte e à Vida. Em verdade, a relação entre esta e aquela é tão simbiótica e fisiológica que se torna difícil, se não mesmo impossível, delas fazer destrinça. Manoel de Oliveira prova que a Vida é uma Arte e vice-versa. "Se me perguntarem porque faço cinema,/Logo penso: não perguntam antes se respiro?", respondera ao Jornal Libération, quesito que era "Porque filma?". Sabedoria do cineasta mais velho (e mais eclético) do mundo...

Alupec
Começa hoje, na cidade da Praia, a Mesa-Redonda sobre o Alupec (Alfabeto Unificado para a Escrita do Cabo-verdiano), projecto experimental aprovado pela Resolução nº 67/98, de 31 de Dezembro, mas até esta na indecisão sobre sua massificação e aplicação por parte das autoridades. A Administração e o Ensino, salvando actuações pontuais, diria até acidentais, não fizeram o suficiente para tematizar, debater e socializar a introdução do Alupec para que, a estas alturas, fosse o elemento dorsal para a mais que premente Oficialização da Língua Cabo-verdiana. No referente a este particular, submetido ainda a falsas questões e as fabricadas pelos "desviados" da autonomização cultural, exorta-se aos deputados da Assembleia Nacional a encararem a Ofilialização do Bilinguismo Cabo-verdiano como a maior e a mais estruturante "questão constitucional". É o que me soe dizer no 10º aniversário da aprovação do Alupec...
Kriolo
Este álbum “Crioulo” com que Antero Simas prestigia a nossa condição de amantes da música cabo-verdiana, é, de primeiro, o apreender de uma realidade multidimensional que nos é caldeada e plasmada – a Caboverdianidade, corte que se emerge na fímbria desta nossa crioulidade intrínseca. Em verdade, este álbum (de vinte faixas musicais ecléticas) reafirma que a Caboverdianidade não nos é acessível sem uma visão ancestral, interior e artística. Nós nos declaramos Crioulos! Depois da escravatura, da fome e das vicissitudes de um passado histórico, paradoxalmente fundacional, impende sobre nós o repto de mergulharmos na nossa singularidade, investirmos nela de maneira projectiva e aprofundar o que somos – connosco e com os outros, em nós e no mundo. Em segundo, este álbum nos revela a multiplicidade de claves e chaves, ritmos e melodias – um verdadeiro agregado interacional ou transacional dos elementos musicais que o jugo da história reuniu sobre o palcos das ilhas de Cabo Verde. Também na música (e Antero Simas o atesta), Cabo Verde é forja de uma humanidade nova, onde formas de ser e de estar, bem como todas as faces do mundo, encontram-se no terreiro da reinvenção da vida. A morna, a coladeira, o funaná, o batuque e outros sons transplantados, mas reapropriados em mestiçagem, perfazem a formidável mirabilis para a dança (de perfeitíssima Doce Guerra) entre Caliban e Próspero.

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