Faz frio. Ou venta apenas. Agora deu de ventar, Poeta. Não tenho paciência para as canções de Pedro Abrunhosa, mas guardo dele, como se fosse um talismã, aqueles versos que (me) dizem: Quero que saibas/Que sem ti não há lua,/Nem as árvores crescem,/Ou as mãos amanhecem/Entre as sombras da rua. Armando a Árvore, comprando as prendas, indo aos jantares profissionais e fazendo os cartões de Natal, tudo isso me desnorteia um bocado. Se calhar, isso me intertextualize (mas isto existe?) a cantarolar, quando o meu quarto amanhece, Vou ficar mais despido/Que um corpo vencido,/Perdido em desejo. Em tempos de Natal - e estou com Abraão Vicente quando suspira É Natal, fodas! -, estou mais triste, mais inho e mais "menino de sua mãe". Tempo que me enevoa, de uma neblina que me desce da montanha, como essa paisagem transalpina que desagua em Itália, e se acanha cá dentro, friorento, tictac de relógio sem cuco, baque de coração que verseja, em vate de Mário Fonseca, o Morrer Devagar. Sei de um amigo recém-falecido. Desancou-se de um oitavo andar e estatelou-se, exangue, no trottoir parisiense. Balbuciante, devo-lhe os poemas de Rui Reininho, em "líricas come on & anas", pedaços do vate, diga-se, A pena pequena é pena de morte/Que pena este grito não chegar a Marte. Quereria ele ver a baía da Gamboa, o arco de raro recife da Praia de Santa Maria, antes de partir desta? Ficarei sempre nesta dúvida atroz e incessante. Será que neva? Ou sou eu apenas? Sem ti, Poeta, não há lua...
1 comentário:
Olá,
Não passava por aqui a algum tempo é sempre bom ler o que escreve.
Boas festas e até à próxima visita.
Straw
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