segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AO MITO...(de) clamando-o

aquela do coveiro boa gente que a Deus pede mais morte
e o recurso de mais pão
aquela do artista travestido de absurdo
e subversivo mefisto das horas substantivas
aquela da mulher náufraga e sem rumo
que como as ondas do mar vem dar às nossas praias íntimas
aquela que nos abre a flor e nos fecunda a alma
aquela do cão vadio que ninguém dá a mínima
mas que o menino triste acompanha e quer adoptar
aquela da estrela cadente na qual "o da passiva"
viaja na ponta do charro
aquela da "luamito" da metalinguagem futurista
aquela da boca do lixo engolindo os nossos titãs
aquela do sol com vergonha de aquecer corações
aquela do coveiro boa gente e etc
aquela cena da vida para ser vivida...


Filinto Elísio
Sopinha do Alfabeto, 1986

Sem comentários: