sábado, 13 de dezembro de 2008

Escrever de pulso aberto

Será de tudo como um suicídio escrever de pulso aberto.
Sanguinolento, mandando rosas à vida, as letras,
as sílabas, o frenesim dos olhares, o inventário dos verbos,
o próprio começo de tudo. És tu…

Da música que tua retina guarda
no vagar do trânsito ou na pressa da cidade, no simples frio
que intervala o corpo do espírito; do silêncio que te crepita
como o silício que se estala no aglomerado, os suores
das noites arfantes, as viagens que nem nuvens,
com as estrelas a nada serem. Tão sem cotovias…

(O que são teus esteios, teus filamentos de lembrar em feições que, do espelho,
se desvanecem. Esta voragem, frutos à mercê dos seios. Porventura sejas tu, mesmo
sem feições, o fogo que tosta o pão das coisas que sinto)...

Ao fim de tudo (trazendo um verso roto), hás de dizer loas
das esteiras; poesia de pedra que és tu, o sol a pôr-se
nos teus olhos onde pousam, ainda, tais metáforas.



Li Cores & Ad Vinhos
Filinto Elísio

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