Cabo-verdiano: uma questão de futuro
A língua cabo-verdiana, ainda chamada Crioulo de Cabo Verde, entra no “pole position” da sua oficialização. Tudo indicará que os nossos deputados conseguirão o consenso necessário para que o Artigo 9º da Constituição Nacional seja reescrito em termos de instituir “as línguas oficiais da República de Cabo Verde são o Cabo-verdiano e o Português”. Bilinguismo assumido. Soberania assumida. ALUPEC? Ou tão-somente, o alfabeto cabo-verdiano que, como o da língua portuguesa, se submeterá aos ajustes regionais e temporais. Estaremos, neste tempo histórico, a fazer a grande descolonização psíquica e cultural de que falava Darcy Ribeiro, o antropólogo brasileiro. É que, mais do que passado, o Cabo-verdiano é uma questão de futuro…
Amplexos da língua
As realidades linguísticas são complexas. É Natal, com o seu frufru, mas a coisa é mesmo complicada. Só de pensar que em cada 10 lusófonos, 9 são brasileiros, universo da língua no qual 0,22 cabo-verdiano e, mesmo este, mais lusógrafo que lusófono e, acima de tudo (quando ri e chora, odeia, ama ou mama), crioulófono. Curto e grosso, companheiro: será que somos realmente bilingues, porra? Eu acho que sim. Pessoalmente, as línguas de Camões e João Cabral de Melo Neto, e as de Pedro Cardoso e de Felisberto Vieira Lopes são minhas. Mas, às vezes neste destro, fico sinistro com a anarquia das vírgulas e companhia. Todos os santos dias (bem como os dias pagãos), acompanho a vianda dessa flor do lácio, tanto na escrita como na fala, dos nossos professores, deputados, funcionários e bloguistas (blogueiros também) em naipes repletas de “sapatadas”, das que mandam a ortografia, a pontuação, a sintaxe, o vocabulário, todo esse desassombro vocálico e verbal, tudo, tudinho - el amplejo todo al carajo, como diria o bolivarista Hugo Chávez.
Estatuto Administrativo Especial
Está ali na Constituição Nacional, mas nunca foi aplicado em virtude do laxismo, do desleixo e da irresponsabilidade do pessoal. A capital tem os seus custos e os seus fardos que não devem ser onerados apenas aos munícipes da Praia, mas a todos os cidadãos da República. Não apenas porque a “cidade de todos nós” alberga mais de ¼ dos residentes no Arquipélago, numa ilha que totaliza 53% do mapa demográfico de Cabo Verde, mas porque, numa convergência natural e que não se quer macrocéfala, acumula o grande potencial do (sub) desenvolvimento do País. Quais os argumentos fortes para a revisão constitucional nesta matéria? Sejamos coerentes. A Praia, não sendo dos praienses, nem dos praianos, mas de todos os cabo-verdianos, na sua dimensão capitalina, deverá ser assumida em toda a causa e consequência. Ou não será assim? Mesmo algum pessoal que costuma ser mais antenado, acertando sempre na medra e no bingo das ideias, no referente a este assunto anda a obrar fora do penico. Nem toda a escuridão é culpa da Electra, convenhamos. Há muito blackout mental por aí. Túnel…
Crise
A crise do neoliberalismo, que se deve a um verdadeiro assalto à mão armada para dentro do sistema, não significa desmercantelização. O capitalismo vai continuar sob novas máscaras e novos arreais para a dança dos vampiros e com esta mesma essência que reduz valor à mercadoria. É Natal, o dólar levando na peida, Bush esquivando sapato, o nascimento do Menino Jesus, coisa e tal, frufruzada pelas lojas chinesas do Plateau e, sejas tu a minha borboleta (de flor em flor venenosa), não será hora de gritar abaixo a riqueza não socializada!, que, neste turbilhão tomada de pequena burguesia burra, no bacanal dos deuses locais e eu lendo Tristes Trópicos, vivam, por isso, as luas de cada noite, arre...
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