Deu-me agora de acordar pela madrugada e ler poesia até que o sono me derrube. Às tantas, entre as três e quatro da matina, eis que me levanto da cama, sem saber exactamente o que me desperta. Tenho sempre a mão um livro de Fernando Pessoa e, como quem vai a um versículo da Bíblia, escolho uma ode, um soneto ou um verso livre. Os heterónimos pessoanos fazem as minhas madrugadas e leio seus versos diante do espelho. Faço gestos e trejeitos, treino entoações e tons de voz, tento até sapateados. Um solilóquio digno de ópera. Hoje, por exemplo, reli Alberto Caeiro ao som de “Bandera de Nhô Sanfilipe”, de Kim Alves. Uma mistura meio estranha, mas com todo o sentido dentro de mim. Dentro do meu quarto, sou uma espécie de Clown. Meio Charlot, quase Pierrot. Absurdamente romântico. Quando não abro a janela de par em par para ver a rua. Adormecida. Onde haverá, no vasto mundo, alguma mulher nua? Absolutamente nua. E eu, pecador, me confesso: sou um apaixonado pela lua…
1 comentário:
Filinto, espero que estejas no dia 19 de Novembro na Praia, porque vamos fazer uma peça de teatro à tua medida, mais precisamente, à medida certa deste «post». Depois entenderás porquê... abraço!
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