Pablo Picasso
1.
Aceitei participar, mas vou chegar com um dia de atraso, no Fórum Internacional sobre a Economia da Cultura, organizado pelo Ministério da Cultura. O evento, que ocorre na cidade da Praia, prova que as autoridades estão mais despertas para o impacto socioeconómico da produção, da circulação e do consumo de bens e serviços culturais no contexto da Nação Global Cabo-verdiana.
2.
Sempre vamos tendo, uns e outros, a percepção de que a participação da Cultura na nossa economia seja bem expressiva. Tornou-se lugar-comum dizer “Cultura é o petróleo de Cabo Verde”, um misto de orgulho com bazófia de crioulo. Entretanto, não haverá fumo sem fogo. Embora não tenhamos indicadores estatísticos, nem estejamos na posse do conhecimento sobre o PIB da Cultura Cabo-verdiana, estamos conscientes que a caboverdianidade lactu senso terá também a sua força dos números e, pela certa, o seu peso dos cifrões. Há que mensurar a Cultura, sim senhor…
3.
O Banco Mundial estimou, em 2003, que a Economia da Cultura respondia por 7% do PIB mundial e se projectava como o sector mais dinâmico da economia planetária. Qual o peso da Economia da Cultura, isto é qual o peso da criação artística e intelectual em Cabo Verde? Econometria…vamos a ela. Acima ou abaixo da média mundial? Qual o nível de crescimento deste sector criativo e inovador na economia cabo-verdiana?
4.
E, para tanto, valerá fazer diagnósticos, construir indicadores, colectar e sistematizar dados, estudar e pesquisar mais (e melhor) o sector cultural. Valerá juntar todos, nacionais (de toda a insularidade e da diáspora) e estrangeiros (de todos os quadrantes), para sabermos não só a quantas vamos, mas o que nos aponta a Economia de Cabo Verde. Sendo a produção cultural um dos seus activos, precisamos incentivá-la, fomentá-la e projectá-la. Mais riqueza e inclusão social, mais inserção mundial de Cabo Verde e, sobretudo, mais alma, como diria Orlando Pantera.
5.
Vamos, pois, partilhar, conversar e conspirar para que tal comece a acontecer…
Nota 1:
Em Lisboa, vou às livrarias, deambulo pela Baixa, onde me deparo com Juca Ferreira, Ministro da Cultura do Brasil, e Zulu Araújo, Presidente da Fundação Palmares, e assisto a um show de Nancy Vieira, no Teatro São Luís. Vejo que a minha luz, tal qual a música do Vadú, tem o seu lado sombra e que com ele, meu pássaro, posso ir ver o Tejo.
Nota 2:
Ergo-me pedrasta, apupado de imbecis, assim começa o poema Cena de Ódio, de Almada Negreiros. Mas eu me rio dos deuses pés descalços e dos duendes das esquinas. Reafirmo tudo fazer por convicção pura, mesmo quando, sem máscaras, nem dualidades, apoio uma determinada "causa perdida". Outrossim, certas birras são para se esquecer...
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