Sopinha
Um poeta e ensaista, confrade assumido por sinal, continua recorrente e redondo, incapaz de se libertar da Folha "Sopinha de Alfabeto". Porquê, meu Deus? Freud que explique...Não estarei a falar pelos outros, mas "Sopinha de Alfabeto" foi uma publicação experimental (diria até, experimentalista), ao tempo que se anunciava, no Mindelo, o 50° da Revista Claridade e que se afirmava, na Praia, o Movimento Pro Cultura. Não tendo com este Movimento ou com aquela Revista nenhuma referência e matricialidade, a Folha, publicada em 1986, apenas quis ser uma pedrada num charco de burocratas e de obtusos, o lodoso de camaradas de ladas & balalaicas, tempo magro da ética e da estética. Pessoalmente, foi uma experiência enriquecedora, dando-me, uma vez mais, a sensação da criatividade e da liberdade...
Prémios e homenagens
Ora essa, homem, eu não escreveria para prémios e homenagens. Nem faria corredores para passaportes diplomaticos e apliques afins. Poeta é Arménio Vieira, nessa circularidade marginal, onde a palavra subverte o quotidiano. Na mais perfeita metaforização do discurso, a ver se salva o pensamento. Afino-me a gente menos afoita à gloria dos pequenos deuses e mais disposta a entoar o hino da irreverência. Os versos transitivos, bem como os poetas que não entram em transe, precisam da tal grande cruz vermelha e os verbos de ligeireza, tal como o azedume dos abutres, demandam de mim um vade retro. O que me empresta enorme tesão à vida são os olhares. Mesmo aqueles que nem olham...
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