domingo, 2 de abril de 2006

Ora chove, ora faz sol




1.
Da cozinha, uma telápia feita ao molho de limão e malagueta, um caldo de mancarra e um arroz branco. Em tributo ao meu amigo Mário Rosa, prezadíssimo Maruca, ex Embaixador da Guiné-Bissau em Washington, dizem-me que agora político. Era ele que, em tardes de muita discussão sobre o futuro da África, me ensinou a confeccionar alguns pratos típicos da Guiné-Bissau. Meio exilado, Maruca escrevia um diário implacável sobre os bastidores da sua vida diplomática e eu terminava o livro “O Inferno do Riso”. Tardes inesquecíveis de um Inverno tomado de neve. Em Quincy, Mass…

2.
Não me esqueço daqueles dias em Lisboa. Os três na plataforma da Estação de Parede. Sempre gostei da Estação dos Caminhos de Ferro. Remetem-me ao cancioneiro de Milton Nascimento e ao frenesim de Alewife, em Cambridge. Foram belos momentos em Lisboa, apesar de em Madrid a barbárie ter explodido então uma Estação dos Caminhos de Ferro. Adiante…

3.
Ora chove, ora faz sol. Ora vou a janela, ora fico diante do computador. Como naquele poema de Arménio Vieira, falando do relógio de cucos. Este é um ano das efemérides. A Claridade faz 70 anos. O movimento Pró Cultura e a folha literária Sopinha do Alfabeto fazem 20 anos. O primeiro romance em crioulo de Cabo Verde (a língua materna, preferente e maior dos cabo-verdianos), Odju d´Água, de Manuel Veiga, também faz 20 anos. Ora chove, ora faz sol. Mas importa termos memória…

4.
Prometo só escrever palavras certificadas. Aquelas que podem ser encontradas, a baixo preço, no supermercado dos termos. E que a defesa dos consumidores as ateste dentro do prazo e próprias para o consumo. Em momento algum trarei palavras do mercado negro. As minhas frases não estarão fora de jogo, nem irão falhar penalties. Prometo não ficar completamente nu perante o leitor. Terei, pelo menos, uns óculos escuros…para que a moral não entre de vez em paranóia!

5.
Saio do mote deste blog para sugerir com verdade a leitura do livro “Nação Crioula”, de José Eduardo Agualusa. Li-o de uma assentada…

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