quinta-feira, 6 de abril de 2006

Codex Alimentarius




Est-ce qu'on ne pourrait pas faire un véritable néo-impressionnisme culinaire, un dadaïsme culinaire, une cuisine abstraite ?

Hervé This. La Cuisine c'est de l'amour, de l'art, de la technique


Pagando para ver

Hoje, lembrei-me do meu amigo Mamour Bá, músico senegalês que também estudava em Belo Horizonte, nos idos anos oitenta. Quando a sua filha nascera, ele ninava a primogénita ao som do korah e eu pagava para ver tão pungente cena. Soube, pelos amigos comuns, que ele tem rodado o mundo, mostrando os seus prodigiosos tambores e palestrando sobre as virtualidade pedagógicas da música. O Crisolino, outro do nosso tempo, ficou de me mandar “O Corpo é Sonoro”, CD com que Mamour Bá está a conquistar o mundo. Eyes of beholder…

Adeco, Prodeco & outros decos

Comer hoje é uma grande aventura. Os gourmets ponham-se a pau. Recentemente, assisti na TCV uma reportagem (creio que de Odair Santos) sobre a matança de animais em plena rua, na cidade de Assomada. Reportagem bem feita, porque inusitada e corajosa, a questão reclama, com urgência, o olhar das autoridades municipais e sanitárias. O que é da sociedade civil, minha gente? Neste mundo das vacas loucas e da gripe aviária, a cultura alimentar do consumidor é uma estratégia de sobrevivência. Ninguém deve apanhar algo na loja e no supermercado, sem ler a composição e o prazo do alimento. Temos de fortalezar os Adeco, Prodeco & outros decos. Eles acabam por ser mais importantes do que os partidos políticos. Pode? Naturalmente…

Codex Alimentarius

Falemos da estética culinária. Sem dramatismos. Será a cozinha uma forma de arte? Ou simplesmente um elemento do código da alimentação? Nesta época pascoal, embora en não seja religioso, o meu pensamento fica, com água na boca, no Arroz de pato à dona Mindoca e no Bacalhau na tábua à tia Sílvia. Pelo lado materno, tenho grandes chefs, a começar pelo meu avô João Henriques de Almeida Cardoso, famoso funcionário da Fazenda Pública e cozinheiro do Guisado de cabrito e Arroz de cabeça de atum. A minha tia Xixi também, mas esta é especialista em doces e bolos. Bolo de frutas secas, nem conto. Devo ter herdado algum jeito desta minha maravilhosa gente. Mamour Bá, artista de mão cheia, jurava que o meu Bacalhau à Gomes de Sá era o melhor do mundo. É que ele, modéstia à parte, nunca experimetou o meu Molho de São Nicolau..

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