Neste re-starting point, o albatroz vem descansar ao galho de janeiro. Reveillon, passei-o em banho de espuma e de sais. Horas esquecidas entre o caleidescópio do pensamento e o sabonete de pétales de rosa. Olho as pessoas do Ano Velho. As que me frequentaram - umas, com caririnho, outras com animosidade -, antes do champanhe de ontem à noite. Oiço-lhes a voz e sinto-lhes o silêncio. Sejam felizes neste Ano de Boi, deixem-se estar no tictac das horas. Embora não pareça, mas o albatroz ama as pessoas do Ano Velho. E era do re-starting point este post. Eis o mastodonte: disforme & transbordante. O ano que começa. Enquanto dançavas, algures num clube da cidade, a aviação israelita continuava a bombordear a Faixa de Gaza. Entre um zouk-love e um house, no desenfreio que não poupava os teus cabelos desfrizados, nem fazia vénia ao teu vestido com madrepérola (falsa que fosse, ora), Mugabe cometia o pecado de continuar vivo e a incompetência da justiça cabo-verdiana nos dejectava uns assassinos fdp nesta cloaca pdm. E balouçavas o corpo, de olhos fechados, que a ruidosa música não te contava dos ditadores e as suas honras de Estado. A Constituição Nacional é uma espécie de bula de xarope. Às vezes, passa do prazo. Outras vezes, excesso da Magna é overdose. Letal como da heroína. Não pretendo ser imortal, não pretendo ser filósofo, não pretendo ser numerário na blogsfera: estou a respirar e Deus há de me facturar por isso. O escritor António Lobo Antunes é que retrata bem o albatroz. Umas vezes estou redondo, outras quadrado, outras cheio de picos, outras liquefeito, outras não estou sequer: deslizo por aí armado em nuvem...
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