sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

janeiro intravenoso


Há destruições que me parecem certas artes. Tzara e o pessoal Dada, bem como o da Bloga, não teriam tamanha imaginação. Nem intuição. Folclocre revertido, borrado de poesia e de pintura, mas devagar. Fazeres poemas alexandruscos como as telas de cadamostos feiosos, compreende-se. Agora, reduzir Gaza a escombros! Fez-me lembrar o bombordeamento massivo do Iraque. Os artistas de tal morte estavam a destruir o Jardim do Éden. Os neofascistas, mesmo quando mascarados, são antropófagos. Têm mandíbulas sangrentas. Bombas e mísseis sobre o paraíso dos diabos. A guerra dos titãs. Abjecta fotografia esta. Tendes medo de chamar o nome aos bois? Sabeis dos bois que voam. O Conde Nassau quis que a gente visse seu boi a voar sobre a ponte de Recife. Estou aqui a ouvir Chico Buarque: É fora, é fora, é fora/É fora da lei, é fora do ar/É fora, é fora, é fora/Segura esse boi/Proibido voar. É janeiro intravenoso, qual sangue das crianças de Gaza, numa transfusão que me embriaga. Se calhar, me torno homem de certas artes. Se calhar é tudo pesadêlo, o boi nem voa e a Capela Sistina seja puro alarde. Se calhar, esse lacre derretido sou eu. Talvez sejas tu. E a 2 de janeiro...de um ano amiúde guedelhudo e insolvente. Vão por mim: este é um ano impróprio para consumo...

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