quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Breakfast


Cedo, cedíssimo, ah se os galos cantasem nas cidades grandes como cantam na aldeia do meu coração! ou, então, que nem as varinas do Mindelo eles solfejassem "cavala fresca", assim em meio-tons e dissonantes - cedíssimo, dizia, de orvalhadas vidraças dos automóveis adormecidos e de bocejantes palavras diante de um capuccino, algures repicariam os sinos que a igreja, pedra de Pedro, medra aquém da fé, e alhures seriam teus olhos grandes como se o Poeta os mirasse demoradamente ao espelho. Dos poemas que não se explicam, como dos amores inusitados ou das angústias que nos revisitam, balbucio-te o conto do D dos dados e os versos cabalísticos que, em Arménio Vieira, flor nesse deserto, nos aclama o C da cotovia. E não nos será despicienda quando as horas param e nos mostram o frontispício do Verbo, primeiríssimo de tudo, antes até do pensamento. Onde para ti não eram moínhos, posto que monstros e mastadontes, para os outros, confrades de Sancho Pança, moínhos tão-somente, pachorrentos e cartesianos como uma equação mais simples. Cedo é o rio, o frio, o cio, o ciciar das cigarras, silentes quando as perscruto nas gretas, e o silvo do vento, por cá glaciar, mas brisante nas ilhas...

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