segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Notas lisboetas

Estou em Lisboa. Lisboaaaaaaaa. Chuvosa e fria. Mas acolhedora. Lá no fundo Lisboa aquece sempre. Refiro-me à alma. Uma coisa, sei lá, da infância. Ninguém entenderia. E ainda bem que assim é. Um turbilhão de coisas invade o meu pensamento: o cessar-fogo em Gaza, o dia de Martin Luther King Jr., o feriado em homenagem a Amilcar Cabral e a posse de Barack Obama, amanhã. Penso noutras coisas que não escrevo. Não porque tenha receio ou pudor. Mas, porque são minhas, património da minha solidão existencial. Penso poemas que resguardo. Penso, logo existo, poemas que trespasso. Daqui a nada tenho encontros profissionais. Do irrepreensível salão, onde os administradores começam a chegar e se descortina Lisboa do Marquês ao Tejo, nós, consultores, posicionamo-nos com tabelas estatísticas, gráficos e mapas, que nem tudo nesta vida é poesia. Há as crianças calcinadas em Gaza. Não consigo ser feliz. Qualquer forma de nazismo me dá asco. Ai, este estômago de passarinho. Ai, isto e aquilo, este purismo de pensar que a vida se resume, como vaticinaria Conde de Silvenius, à metaforização do discurso. O pensamento está condenado. Existencialmente condenado. Estou em Lisboa. Lisboaaaaaaaa...

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