segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Catacumbas


Catacumbas

De tanta saudade e em terra estranha (onde até neva em seus cumes), deu-me a matutar o feito de São Calisto I, antes escravo de Aurelius Carpoforus, e , depois, aclamado em Roma, como Papa. Apreende-se disto que o ser humano, mais que grandeza nos pergaminhos da toga, é profundo no seu rito de existir. De bandido e arrivista, Calisto tornou-se santo e defensor da fé comunal, a mais amiga dos deserdados, que é a essência da Igreja Primitiva. Assumiu o trono pontífice com graça e humildade, simples missionário afinal, como atestam as Catacumbas da Via Ápice, exemplo que, a meu ver , deveria extrapolar o templo e o tempo e assentar, cá entre nós e nesta altura, uma jurisprudência circundante. Os nossos deuses descalços, ocos e vetustos, narcisistas, mas cegos ao engodo dos espelhos, alheios franciscanos deste labirinto, deveriam tomar tento ao feito de Calisto, sucessor de São Zeferino...

Renascimento

A tomada de posse do Presidente Barack Obama, a 20 de Janeiro, foi para mim um renascimento florescente. Não que eu veja isso com ilusões e utopia. O mundo não continuará aberrante e paradoxal. O centro abastado e a periferia abastardada. Mas se o novo Presidente reduzir a exclusão e assimetrias, a pobreza e a doença; se Obama fechar Guantánamo e assinar o Protocolo de Quioto; se aumentar a autoestima dos deserdados da Terra...valerá afinal a pena renascer!

Janeiro

Janeiro, venerando rio, mas de sina, deságua em mim. Mar acima. Tanto que fiz anos em Janeiro. Quarenta e oito anos, bem contados e assumidos, ora com riso, ora com siso. Igualmente, fez-me pensar na vida e na morte. Na luz e na sombra. E aproveito, já que me é dado o “dom” (sem tremeliques) da escrita e o jus do escriba, para pedir desculpas ao leitor (ao leitorado, como diria Dimas Macedo, iconoclasta, meu amigo de peito) pela dita viragem (ou terá sido viagem?) dos meus textos. É que os caminhos têm suas encruzilhadas. Percorro-os sem bússola. E, valha-me o verbo, que pontos alguns são cardeais para a escrita. Janeiro é assim...

Dia Solene da República

A República tem datas importantes. O 13 de Janeiro, Dia da Democracia (dizê-lo da Liberdade seria baralhar a semântica da História), e o 20 de Janeiro, Dia dos Heróis Nacionais (igualmente tê-lo como da Nacionalidade, ao invés de Pátrio, me complicaria os conceitos) são efemérides interiorizadas pela cidadania cabo-verdiana. Estas duas datas não estão indexadas aos partidos políticos, que não podem ter por elas ares de patronos. São datas republicanas em toda a linha e devem ser celebradas pela gramática constitucional vigente. Dito isto, queria, no mais pleno respeito por outras opiniões, afirmar que o Dia Solene da República, por sentido e alma, corpo e forma, é 5 de Julho, Dia da Independência Nacional. Temos de tratar a República, com a ponderação histórica das suas datas e efemérides...


1 comentário:

Sereia do Mar disse...

Parabens Fimfim e Feliz Ano Novo !
O teu blog mexe sempre.
Essa carta a Cesaria da que pensar.

Um abrac,o

Sara