terça-feira, 12 de junho de 2007

Tardios instantes


Semana Cultural de Cabo Verde em França
Foto Carla Martin


A invenção do amor

Acompanho o quiproquó entre dois jovens. Até aí, tudo saudável. Tudo gente boa. Entrementes, tal como Daniel Filipe, é preciso inventar o amor em carácter urgente. No Blog. E para além dele….


O acerto pró

O acerto pró de alguma miudagem chega a ser até pungente. Quando a maçonaria se reúne, de Grande Oriente, de filhos dos filhos melhorzinhos ou desse bairrismo peçonhento, era bem previsível virem-nos à paciência o servicinho da sua tropa e o Carmo & a Trindade dos seus jurássicos. Mas, o interessante é que hoje estamos acesos…e incendiados.

A música das feras

Mário Fonseca, este sim homem maiúsculo, dos que não se vergaram a pressões e conveniências, já dizia: E assim, havendo comensais e um harmónio, ou uma gaita, ou uma sirigaita, nem que seja pequenina e de boca, se aparecer vianda sobre a mesa, quem sabe aparecerá boca e se boca aparecer, mesmo não havendo música nas esferas, quem sabe se da gaita que tocará a gaita da gaita da sirigaita não brotará a música ainda por encontrar por quem acreditar não sei se nas esferas ou na música das feras?

A crença ininterrupta do poeta

Mas eu, pobre vagabundo, acredito é na música das esferas. O acorde que acorda tal coração e impele-lo a amar muito e sem moldura. Umas coisas, quando não loisas; umas causas, quando não escusas. Uns poemas cheios de fruta e de mulher. Umas rosas, mas no seu lado de cá. Acredito em amar-te nas margens do rio, do mar, do lago…das águas todas. Nos olhos cerrados que te pressentem curvas e contracurvas, grutas, trufas e chocolates. Na crença ininterrupta do poeta que, entre helenas, hienas e chacais, faz versos de música nas esferas…

Tudo é a desoras

E mais não afirmo, pois tudo é a desoras, mesmo a liberdade que vem assim aprisionada. Mais não digo, pois roubaria para as valentes afirmações, o imprescindível tempo de amar. Não me ajoelho diante do vão e do mistério. Façam deuses, reis e roques sem mim. Façam-nos tardios dos meus olhos. Estes querem ver sempre a Primavera em Paris. E - tadinho de mim! -, já chegando tarde…




PS.




O acerto pró nada tem a ver com o Movimento Pró Cultura, Sopinha & etc. Idos tempos, companheiros. Tem a ver, sim, com os novos projectos que adensam Cabo Verde. Em si mesmo e no mundo. Ficando esta ressalva, valha-nos a dimensão dequeles que olham para a Claridade deste tempo, sem medo, nem pejo. Sendo coisa nossa (e nunca cosa nostra), não há como não a querer na soleira dos nossos dias...

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