quinta-feira, 21 de junho de 2007

Desta travessia


À “janela da sedução”

Domiciliado ou exilado, o certo é que, deste 10° andar, o mundo mede as suas distâncias. Gonzaga, o moço das faxinas, acha que o mundo daqui é uma bela paisagem. Crisolino, pelo telemóvel, adivinha-lhe apenas uma grande vertigem. Pranchinha, saindo das páginas do Jornal Horizonte, já morto, alerta que estou na idade de mais juízo. Vou à “janela da sedução” e dou uma tremenda gargalhada. Fazendo eco no hotel ali defronte...


Assim tão pendulado...


Não quero que o leitor, lá porque deu de ser voyeur, fique nesse pendulado entre o ambíguo e o dividido com que vou tecendo os meus textos. Havendo coisas mais interessantes por aí, quem sabe Luana Piovani pela esquina, patológico será demorar pelo Albatroz, esperando um Godot que nunca vem ou uma besta de Dom Sebastião. Tanto que suprimi o contador, mudei o fundo preto pelo acastanhado e assumi de vez a segunda metade dos 40. Agora que nos tornamos PDM, talvez até europeus de quinta e deportamos negros da Costa. “time” se tornou demasiado “money” para se perder com parnasos tão rebeldes ou ironias pelos cantos. É que o confrade e o leitor estão, in advance, totalmente desculpados...

Desta travessia


Decerto, querem saber desta travessia. Se vou por aí ou por ali. Desisto na estrada ou sigo a viagem? Nuvem ou alguma vertigem. Metáforas que vou colhendo. Minha musa será real ou virtual? Toda pedrada ou híbrida? Ou não será mesmo nada disso? A realidade destrói os sentidos e dá pinote nas imagens. A alteridade do caos e da ordem. A promiscuidade da luz e da sombra. O duplo em tudo. Ou muito mais do que isso. Mais do tempo que do lugar, desgraçadamente este Albatroz. Doravante, não serei poeta do contido. Nenhuma claridade me ofusca, nem me aprisiona. Tão pouco me excita. Como diria Affonso Romano de Sant’Anna: “reinventar no claro o seu contrário...”

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