quarta-feira, 27 de junho de 2007

A Praça & etc

1. A Praça

Elucubrações em torno da Praça Alexandre Albuquerque tem havido muitas. Nem todas fazem vênia ao seu traçado monumental, com áurea de praça mexicana clássica, estando num lado a igreja e a justiça, depois a edilidade e o clube social, no terceiro lado, a banca e o comércio e no quarto, a fechar o quadrado, os sobrados. Os cantos são os reis de um baralho de cartas: o rei de copas (Carlos Magno), o rei de paus (Alexandre Magno), o rei de ouros (Júlio César) e o rei de espadas (Rei David). No meio, a fonte da vida, que passa os munícipes pela “água”, e a guarita, onde a banda municipal, com valorosos “musguêros”, a redundar certo repertório. Havia também uma esplanada que foi mandada destruir por um edil num assomo estético-desconstrutivista ou possuído pelo finado de Nero, o Imperador, que, num dia de “blue devil”, mandou queimar Roma. O certo é que, mais dia, menos dia, mexendo essa Bastilha, faremos construir, pedra por pedra, a velha Esplanada 12 de Setembro, imortalizada, aliás, num poema de Arménio Vieira, a.k.a., na praceta mais acima, por Conde de Silvenius...

2. Haja luz

Parar o Palácio da Cultura, virado Ildo Lobo, saudoso amigo, por causa da escuridão, parece uma grande ironia. A Electra tem cada uma. Isso é coisa que se faça em tempos de Claridade! Haja luz, de Kafuka (ó vida breve) ou de podogó, quem sabe de reeditada Pró-Cultura, para que as Artes fluam nessa Casa, desenhada sim para ser um centro cultural vivo e animado, movimentado e agitado...Escancaradamente, como quis seu criador. Bem, quanto ao cheirar a cemitério - onde guardas dormem tranquilamente e as aranhas se instalam comodamente...E o lugar anda a precisar de um orçamento, de um curador e de uma parceria público-privada. Direi o mesmo do Auditório Nacional Jorge Barbosa. Do Museu da Tabanka. Do Centro Cultural de Santa Maria. E do Centro Cultural do Mindelo. O Estado a definir padrão, a agência a regular e o privado a disseminar cultura – figurino que me parece mais consentâneo. Haja luz, a tal que António Aurélio Gonçalves vaticinou em “Virgens Loucas”. Deus há de “helpanu...móoodi”. E longe de nós que o Palácio da Cultura venha abaixo. Nem por alegoria, ó pessoal...

3. Bomba termonuclear

Estou a imaginar as ilustres cabeças pensantes diante do Palácio da Cultura. No banco dessa praça, onde um projecto de bomba termonuclear ainda paira no ar. Já viram o piso com "Pano di Terra"? Para lá de chique, convenhamos. Para compor quadro tão surrealista, apareciam meia dúzia de bois a pastar. E como bebedouro, o não menos ilustre tanque, ora armado em fonte luminosa...

Sem comentários: