quinta-feira, 14 de junho de 2007

Do frescor de fruta

Vendedor de fruta
Tarsila de Amaral


Tão logo aportaras, terra virgem ainda,
Já te lambuzaras do frescor de fruta,
Da resina, assaz viscosa e venenosa,
Em quão profano Adão amara Eva...

Mal chegado, de escaler ali varado, tu,
Senhor das ilhas, marcaras, a passo,
Teu compasso, onde, lindos, o vasto céu
E o proceloso mar, ó noite, se beijavam...

De amar, as estórias de soleira ou luar,
Princesas, príncipes, bruxas e sereias
Ou simples sapos, assim em luminário...

Pecadores, ou de tais águas, pescadores,
Na demorada fome dos corpos, ardores,
Só de fruta, quando, amor, tudo se come...


Filinto Elísio

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