Estado da Nação
O director do jornal A Nação quis que eu escrevesse algo sobre o Estado da Nação. Cronista soooooofre! Ainda fiz um exercício para ver o que está bem e o que está mal nestas Ilhas Afortunadas, mas acabei por concluir que não estou inspirado para tanto. Aliás, faltam-me engenho e arte, bem como esse apanágio que se espera dos políticos. Para mim, a Nação está de boa saúde, mas precisava de melhor score em termos de qualidade de vida e bem-estar social. Um Ambiente mais cuidado. Uma Cultura, digamos, mais solta e fluida no mundo. O grande mercado é o mundo e há que ser competitivo para o mercado global. Basta de sermos transformacionais. A travessia acabou. Não sei se isto entra na pauta, mas não vale mais continuarmos a Nação do Estado. Deixo o busílis da questão para quem de direito. Evada-se quem puder…
Feira de Artesanato
Passo pela Biblioteca Nacional para assistir à 12ª Feira de Artesanato, organizada pela Associação Zé Moniz (AZM). É das coisas boas que se fazem por cá. Soube que, este ano, mau grado as dificuldades financeiras, 85 mesas de trabalho foram expostas. Eis uma iniciativa que importa apoiar e promover pelos governantes, pela classe empresarial e pela sociedade civil. Pelo Estado da Nação, ora. Dar vez e voz aos artesãos cabo-verdianos. Cultura, turismo, associativismo e empreendedorismo, tudo…de mãos dadas. Sugestão: afiliar a Feira de Artesanato da AZM ao Slow Food, uma associação internacional que articula o prazer e a alimentação com consciência e responsabilidade, reconhecendo as fortes conexões entre a comida, o ambiente, a cultura e o planeta…
Eugénio Tavares
Das figuras cabo-verdianas, duas suscitam-me interesse especial: Amílcar Cabral e Eugénio Tavares. Contrariamente ao Fundador da Nacionalidade, muitos não sabem sequer do mistério em torno de Eugénio Tavares, figura maior da cultura cabo-verdiana. Em verdade, o homem não nascera nestas ilhas, mas sim em Espanha, mais precisamente na Galícia. Para alguma gente, o bebé galego fora resgatada no mar, na sequência de um naufrágio ao largo da Ilha da Brava. O navio malogrado seria Guadalupe IV, que seguia da Espanha para a Argentina e o Uruguai. Mistérios por desvendar, se não enigmas por decifrar, creio que Cabo Verde precisa saber mais a fundo sobre o seu poeta, prosador, compositor e polemista Eugénio Tavares, além de Patrono da Cultura Cabo-verdiana. Alinhem-se também nesta viagem…
Cinema na minha cidade
De repente, a minha cidade não tem cinema. Naturalmente que a moda agora é televisão e DVD. Mas não faz sentido ver Senhor dos Anéis em casa. Ficará a faltar o escuro colectivo, a imagem em ecrã gigante e o som condicionado. Cinema é outra coisa. Cinema Paradiso. Cidade sem cinema é igreja sem campanário, fica aquém da expectativa. Na minha adolescência, se calhar com metade da população, tínhamos dois cinemas a funcionar: o Cine Teatro Municipal e o Cinema do Bairro Kwame Nkrumah (hoje, Craveiro Lopes), mais conhecido por Sibéria. Era época também do Cine Clube da Praia: A Confissão, O Cidadão Kane, O Couraçado Potenkine, Luzes da Cidade; Marcelo Mastroianni exalando-se nos filmes de Frederico Fellini, Brigite Bardot e Sophia Loren, para além de talento, mostravam que Deus criara a mulher. Por favor, cinema, CINEMA, na minha cidade…
1 comentário:
Acompanho-te meu caro Filinto: cinema, cinema cinema! Eu, por ca, continuo meu protesto silencioso de nao comprar um leitor de DVD...rs.
Ja agora um desafio: para quando um cinema ao ar livre ali no largo do Quebra Canela a frente do Alquimist? Ontem a lua estava de matar. So faltou um brother chamado Roberto Benigni...
Abraco,
Paulino
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