terça-feira, 8 de julho de 2008

Do Sol à Soraia + Badio ka manso em tempo de caça às bruxas


Acomys cahirinus


Sol fulgurante



Um sol fulgurante diz que la vie est belle e que tudo - do infinitamente pequeno ao grande -, vale a pena. Atravesso uma fase líquida (não me refiro ao álcool, bem entendido), como Picasso antes de desaguar em Guernica e naqueles touros retorcidos. Nessa noite chuvosa, fomos (os três) a um restaurante cubano. Ouvíamos Célia Cruz a cantar Obladi Oblada, mas eu queria sussurrar-vos os versos de Baudelaire. Paranóias de se estar em Paris, suponho. Acreditem-me: sou mesmo um devoto de Hefesto. A paz, mesmo a de Cristo, é o que há de mais essencial na vida. Estou a só no meu quarto. Na Cidade da Praia, Julho de 2008. Leio Kamiquase, de Paulo Leminsky, logo existo…



Badio ka mansu



A história do rato, descrita no Blog Ala Marginal, de Abraão Vicente, me fez rir muito. Fiquei a imaginar o meu amigo, com ares de galgo e de sapateador, mais aquele quê de galo molhado, de pau em riste e óculos vermelhos, a vasculhar os cantos do cubículo e a ver se acabava de vez com o roedor. É que tudo poderia terminar sem violência, se a Estrela do Programa 180º fosse como o Marido de Carla B. e desse à maçada de “comprar os bons ofícios” dos revolucionários colombianos na libertação de Ingrid Bettencourt. Diplomacia & 2 milhões de euros, que gente fina é outra coisa. Mas Abraão, não: vassourada, pistola, foguetão, como naquele funaná, e o infeliz, apanhado no veio da maldade, morreu como nasceu: rato crioulo…porra!



Tais defeitos



Alguém me telefona (aflito e em estapafúrdio) que começou a “caça às bruxas”. Estava-se à espera de quê? Quem se surpreende hoje com os esquentamentos, em tempos de camisinha e de Viagra? Só os mal-intencionados. E os mal estacionados. Chamem o Mata-ratos, para vir à vossa defesa. Ou então, aquele chato (que nem aquele dos pelos púbicos), do sindicato, naturalmente, para declarar greve geral contra os novos deuses. Nesta cloaca acontece cada uma! Há sempre uma pirueta, aquém de valente, além de bizarra, para instalar polvorosa nesta cidade. Dos ditadores, Nero era medalha de ouro de assaz algazarra. Queimou Roma e escreveu maus versos. Petronius, filósofo de fina pena e criador da sátira, imortalizou tais feitos…



Big Mac



Eu conhecia a Soraia de outros carnavais: morena, olhos esverdeados, violão em forma de mulher. Agora, ela está paquidérmica. Uma tia do Harlem, que é o bairro mais terceiro-mundista de Nova Iorque. Aquela não era a Soraia dos meus tempos. Vítima da alimentação consumista, rápida e industrializada, vê-se que ela não aguentou aos ataques cerrados dos McDonald’s, Burger King, Kentucky Fried Chicken e Pizza Hut. Diante desse feio: Abaixo a gordura! Abaixo a fritura! Abaixo o Fast Food! O Sistema é de facto uma grande fraude…

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