segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Caminho de Viseu *

Indo eu, indo eu
A caminho de Viseu
- Cantiga de roda (da minha infância)


Revisitando a crónica

A crónica estava tímida, quase não querendo contar nada do que sabe. Cheia de álibi, ela armava-se em neutra e isenta, diria mesmo, coisas de quem anda por cima do muro. Robert Mugabe arma uma grande fraude, a crónica fica pelo princípio da não ingerência. De resto, a fraude virou uma pandemia. O preço do petróleo caminha para os 200 dólares, a crise do capitalismo é cíclica e tudo voltará ao normal. E há escassez de arroz no mercado, a crónica já gosta de batatas e de massas. Sempre nesse chove não molha, sobretudo a cuidado de não molhar o cronista, o texto ficaria parvo, romântico e inócuo. Texto pelo texto. A falar das flores e da lua a derramar sua prata. Mas assim não fazia sentido. Mil vezes a afronta de se alinhar pelas causas. Mais vale o risco de acreditar que um outro mundo é possível. De longe esta outra atitude de atirar pedras no charco da nossa pasmaceira que fede…

A “concorrência”

Assim como há crónicas inconsequentes, há cronistas chatos e recorrentes. Escrevem por encomenda e servem-se de arma de arremesso. Entre Deus e César, posicionam-se em quem dá mais. Há quem chame isso de pragmatismo. O Pranchinha, que a morte lhe dê merecido descanso, não guardava respeito a esses fariseus. Não que esteja a falar da “concorrência”, pois nem sempre o pessoal (lá por estar na IDC, Opus Dei ou raios que os partam) traz os mínimos olímpicos, em termos de engenho e arte, para vir à tertúlia consequente. Falo tão simplesmente daqueles que, sem rei nem roque, aviltam o bom-nome de Frei Betto, Al Gore, Jean Ziegler e Nelson Mandela. E desdenham das causas como o Aquecimento Global, a Greenpeace, o Fórum Social Mundial, o Slow Food e a Teologia da Libertação. E, como nada é por acaso e inocente nesta vida, refiro-me a esses…naturalmente!

*De Lisboa a Braga, a comboio, ficaria na estação de Viseu. Provavelmente, por causa de uma cantiga de roda (da minha infância). Inconsequente? Nem tanto…

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