"Qual o cheiro das roupas lavadas com sabão de coco? Qual é o aspecto dos bolinhos de polvilho? Qual o perfume do mel de jandaíra? Que maleitascura o xarope de mastruço e malvaísco?"
Jorge Marmelo
Una, duna, trina, catarina…
Ao tempo, a Escola Grande era um educandário que obrigava as crianças a estarem em fila e a cantarem o Heróis do Mar, que ao tempo nos soava mal, mesmo mal. O pior era não falarmos crioulo nem mesmo nos intervalos. Já imaginaram como seria jogar carambola, campanada e polícia-ladrão em português? Mas como a brincadeira era soberana, tínhamos de transgredir. E como era bom transgredir. Não só para falarmos a língua mátria, mas comermos rebuçados e pasteis com diabo dentro, bem como os bolos no tabuleiro da “desaforada Olímpia”. Transgredir tinha sabor às bolas-de-Berlim e aos pastéis-de-nata que a vendedeira baptizava com nomes eróticos e indecentes, para a alegria do pessoal. E por que não recordar aquele Professor que, em vez dos rios e dos caminhos-de-ferro de Portugal Continental, fazia a malta decorar e batucar na carteira ao ritmo de "Una duna trina catarina barimbau são dez..."…
No Ranking da Liberdade
Um deus-nos-acuda só porque os Jornalistas Sem Fronteiras perfilaram Cabo Verde no 45° lugar no Ranking dos Países com Liberdade da Imprensa. Escândalo é estarmos à frente do Brasil (em 73°) e dos Estados Unidos (em 55°), onde o campo mediático é dinâmico e a cidadania consagrada. Não sejamos complacentes com a falácia, meus senhores, pois no âmago sabemos que isto é a pré-história mediática. Aquele 29° lugar era virtual apenas. Então não foi aí há tempos que os jornalistas foram ameaçados à saída de um tribunal, porque cobriam o julgamento de um caso narco-farinácio? Deixemo-nos de tretas, pois já temos todos os dentes na boca. Para comer e para morder. Eu até creio que os Jornalistas Sem Fronteiras nem sabem da missa a metade. Imaginem se desconfiassem desse jornalismo que nivela os leitores, ouvintes e espectadores pelos padrões de Homer Simpson, aquele simplório da banda desenhada?
Ao tempo, a Escola Grande era um educandário que obrigava as crianças a estarem em fila e a cantarem o Heróis do Mar, que ao tempo nos soava mal, mesmo mal. O pior era não falarmos crioulo nem mesmo nos intervalos. Já imaginaram como seria jogar carambola, campanada e polícia-ladrão em português? Mas como a brincadeira era soberana, tínhamos de transgredir. E como era bom transgredir. Não só para falarmos a língua mátria, mas comermos rebuçados e pasteis com diabo dentro, bem como os bolos no tabuleiro da “desaforada Olímpia”. Transgredir tinha sabor às bolas-de-Berlim e aos pastéis-de-nata que a vendedeira baptizava com nomes eróticos e indecentes, para a alegria do pessoal. E por que não recordar aquele Professor que, em vez dos rios e dos caminhos-de-ferro de Portugal Continental, fazia a malta decorar e batucar na carteira ao ritmo de "Una duna trina catarina barimbau são dez..."…
No Ranking da Liberdade
Um deus-nos-acuda só porque os Jornalistas Sem Fronteiras perfilaram Cabo Verde no 45° lugar no Ranking dos Países com Liberdade da Imprensa. Escândalo é estarmos à frente do Brasil (em 73°) e dos Estados Unidos (em 55°), onde o campo mediático é dinâmico e a cidadania consagrada. Não sejamos complacentes com a falácia, meus senhores, pois no âmago sabemos que isto é a pré-história mediática. Aquele 29° lugar era virtual apenas. Então não foi aí há tempos que os jornalistas foram ameaçados à saída de um tribunal, porque cobriam o julgamento de um caso narco-farinácio? Deixemo-nos de tretas, pois já temos todos os dentes na boca. Para comer e para morder. Eu até creio que os Jornalistas Sem Fronteiras nem sabem da missa a metade. Imaginem se desconfiassem desse jornalismo que nivela os leitores, ouvintes e espectadores pelos padrões de Homer Simpson, aquele simplório da banda desenhada?
O nome das frutas
Diariamente, e por recomendação médica, faço marcha pela Avenida Beira-Mar. Saio de casa cedíssimo: o sol mal nascendo e os prédios por amanhecer. Caminho, absorto nos meus pensamentos, até ao mercado de peixe do Mucuripe. Ali, conheço alguns pescadores pelo nome e regateio o preço na pedra bem composta. De vez em quando, regresso com peixe fresco: badejo, tilápia, cavala ou atum. O melhor seria arroz de cabeça de atum, com açafrão, salsa e alcaparra. À mistura, levo coentro, limão e macaxeira. Batata doce e batata inglesa, quando não banana verde. E no regresso a casa, nos meus pensamentos contigo, mal reparo nas frutas à margem da calçada amanhecida: açaí, maracujá, graviola, cajá e fruta de conde – todos as frutas que adoravas. Já pelos nomes, mãe...
Bónus ou Resolução 48/2005
O Governo, por proposta do Ministro da Cultura, deu um passo histórico na aprovação da Resolução sobre a Estratégia de Afirmação e de Valorização da Língua Cabo-verdiana. Em face isso, o reconhecimento jurídico do Cabo-verdiano como Língua Oficial depende estritamente do Parlamento. Os grandes consensos, ventilados tanto por José Maria Neves como por Jorge Santos, deviam agendar a plena oficialização do bilingüismo de Cabo Verde, em benefício da cidadania e da integração de uma Nação que já se afirma Diasporizada. A imprensa também poderia fazer da Resolução 48/2005, para que, uma vez mais, não adiarmos o debate da nossa mais profunda identidade, nem joguemos a nossa alma para debaixo do tapete. A sociedade civil tem uma forte palavra sobre esta verdadeira questão de Regime. Queremos ouvir uns e outros. Temos, aqui e agora, a oportunidade de fazer História, una, duna..
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