sexta-feira, 13 de outubro de 2006

UM GIGANTESCO CENTRO COMERCIAL



O pintor cabo-verdiano Mito realizou a sua primeira expoição em Macau em Maio passado, por ocasião do 30º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a República de Cabo Verde e a República Popular da China. Aqui deixa as impressões desse encontro esperado.
Macau sempre fez parte do meu imaginário. Talvez seja por ter uma prima casada com um macaense, que viveu em Cabo Verde. Talvez por isso sempre tenha acalentado o sonho de um dia conhecer Macau. Entre Abril e Maio de 2006, concretizei finalmente a viagem.

Cheguei a Macau vindo de Pequim. A primeira impressão foi a de estar num gigantesco centro comercial non-stop. Uma semana depois descobria aqueles que viriam a ser os meus lugares favoritos de Macau, o Mercado Vermelho, as Ruínas de São Paulo, a Ilha de Coloane, e também a simpatia das pessoas.

Reencontrei velhos amigos e fiz muitos outros. Um dos episódios que mais me tocou foi o reencontro com Joana Ling, a viúva do pintor Kwok Woon. Meia hora de conversa depois e entregávamo-nos às lembranças do tempo em que éramos colegas de curso na Arco, em Lisboa, nos idos anos de 90.

A minha visita ao Oriente permitiu-me ainda consolidar as relações entre as técnicas, os suportes, o imaginário da minha pintura e as tradições visuais do Oriente. A importância que sempre dei ao exercício da manualidade, à escrita, ao desenho de caracteres e também à pesquisa de novas e velhas grafias encontrou eco em cada momento da minha estadia. Foi ainda muito especial o encontro com a sonoridade do patuá, tão próxima do crioulo de Cabo Verde.
São exactamente estes, para além das outras razões que as palavras não alcançam e a própria razão desconhece, os motivos que me fazem desejar regressar tão breve quanto possível a essas paragens.

Revista
MACAU Página 117 IV Séríe - Nº4 Setembro de 2006

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