quinta-feira, 4 de maio de 2006

Papo com a Professora Yoná


1.
Pelo que se vê, a Independência Nacional nem sempre acarreta soberania, na verdadeira acepção da palavra. Há que ressemantizar ou a Independência Nacional ou a própria soberania, em muitos casos. Não falo do caso de Cabo Verde, em particular, mas de muitas independências afins e circundantes, onde o povo continua a morrer (ou a viver) da doença, da guerra ou da miséria. Em alguns casos, as elites traíram literalmente os ideais das independências, inscritos no desempenho dito revolucionário. Ou viraram burocratas de esquerda e de direita. Ou caíram de quatro diante da contra-dança neoliberal. O "suicídio", preconizado por Amílcar Cabral, o grande teorizador sobre as elites africanas, continua a ser um fundamento interessante, se visto de uma perspectiva mais científica do que circunstancial…

2.
A Independência Nacional, diria, configura um momento importante e charneira,senão mesmo refundadora, na vida de qualquer povo. Mas ela não representa o instante matricial absoluto como alguns nacionalistas exacerbados a percebem. As ciências políticas vão a par e passo relativizar todas os fenômenos políticos refundadores, entre os quais a Independência Nacional, e, em conseqüência, destrinçá-los das visões absolutistas que se quer impor. A minha ideia da Independência Nacional, não vá alguém reinterpretar estas palavras erradamente, é que ela representa sempre um meio de autonomização dos cidadãos, num paradigma patriótico e estadista. O resto é política, jogo e sedução do Poder...
P.S. – Tempo apenas para deliciar um café expresso e lembrar um trecho de Edgar Morin sobre a interdisciplinaridade. Os bloguistas me perdoem, mas saí de casa sem reler os quotidianos versos de Fernando Pessoa...arre!

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