0.
Das duas, uma: o país cresce, vira PDM e atrai investimentos internacionais ou encolhe-se, gere a miséria e vive orgulhosamente isolado. Não há grandes opções. A bolsa ou a vida? E o pior é que não há tempo para grandes angústias. As coisas hoje em dia funcionam a tempo real e a cultura deve ser aquele de resultados. Esta fase transformacional exige de todos uma profunda revisão cultural. Acredito mesmo que a verdadeira e necessária mudança terá de ser educacional e cultural. A vez é do softpower…
1.
Qual o papel do ministério da Cultura? Qual a sua filosofia? Qual a sua efectiva capacidade de intervenção? Que percentagem do Orçamento de Estado está sob a sua gestão? Quais são as necessidades e os recursos para incrementar e elevar a cultura a este dado momento? Esses são apenas alguns dos assuntos que importariam debater no Programa Konbersu Sabi. O nosso debate, para ser rico e produtivo, deveria também realçar o papel das artes e das manifestações culturais no desenvolvimento da economia, na criação de novos parâmetros educacionais e no cultivo da diversidade.
2.
Estaremos entre uma visão patrimonialista e outra de apoio à criação. Se é necessário preservar e memorizar, também é importante lembrar que o património futuro só é possível com o apoio presente à criação. O Estado, além de facilitador, deve ter um papel supletivo, em áreas onde o mecenato não cobre. Nas circunstâncias actuais, o mecenato não cobre muitas áreas da criatividade. Sem dinheiro público, não existirá, em devida dimensão, cinema, teatro, pintura ou dança.
3.
Não sou muito afoito a polémicas estéreis, e algumas vezes histéricas, sobre o bairrismo, facto que precisa ser debelado e desencorajado do nosso dia-a-dia. Defendo, com radicalismo consequente, um Cabo Verde indivisível. Há que acabar de vez com disparates de hegemonias regionais, centralidades culturais e concentrações administrativas, a bem do desenvolvimento equilibrado e saudável. Os castiços que me perdoem, mas céu é grande, mundo é largo.
4.
Germina entre nossa gente alguma animosidade em relação aos artistas e operadores culturais da diáspora. Torna-se forçoso entender que, pela configuração nacional, Cabo Verde ficaria amputado sem a sua dimensão da diáspora, entendida como as suas comunidades espalhadas pelo mundo. Além da força cultural (e demográfica), tanto em quantidade como em qualidade, que a diáspora representa, vale ter em conta o peso real da emigração no PIB do nosso país. E já agora, democracia oblige, nem seria descabido rever a disparidade do peso político, que não acompanha as outras dinâmicas. Vamos debater, minha gente. Cabeça não foi feita apenas para mediar as orelhas, arre!
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