Filinto Elísio
Tem horas que embarco ao sabor de amoras
e o travo deste meu corpo é fome soluçada,
gotas salpicadas, perfumadas ervas, banhos
de espuma e bolhas que são aqui beijos;
Tem horas que percorro todos os amores,
dos que me aquecem no frio e, entre a morna
& o violão, seus olhares furtivos abraçam
esta solidão, e eu uma concha de vontades;
Apaziguadas frutas comem nas amoras
este caminhar pelos vértices das musas,
onde, coordenadas, as horas cantam;
E, jogadas ao leito da vida, fomos deleite,
e de tudo ter sido – semén, suor e sangue -,
pétalas de qualquer coisa assim viscosa…
in «Das Frutas Serenadas»
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