sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

Amoras

Filinto Elísio



Tem horas que embarco ao sabor de amoras
e o travo deste meu corpo é fome soluçada,
gotas salpicadas, perfumadas ervas, banhos
de espuma e bolhas que são aqui beijos;

Tem horas que percorro todos os amores,
dos que me aquecem no frio e, entre a morna
& o violão, seus olhares furtivos abraçam
esta solidão, e eu uma concha de vontades;

Apaziguadas frutas comem nas amoras
este caminhar pelos vértices das musas,
onde, coordenadas, as horas cantam;

E, jogadas ao leito da vida, fomos deleite,
e de tudo ter sido – semén, suor e sangue -,
pétalas de qualquer coisa assim viscosa…
in «Das Frutas Serenadas»

Sem comentários: