Amedeo Modigliani
Mal poeta enamorado de la luna,
no tuvo más fortuna que el espanto;
y fue suficiente pues como no era un santo
sabía que la vida es riesgo o abstinencia,
que toda gran ambición es gran demencia
y que el más sórdido horror tiene su encanto
Reynaldo Arenas
Idade de Cristo
Gosto que suplantes a Idade de Cristo, mas ganhes Dele a bondade, a tolerância e a espiritualidade. Cristo não faria da palavra dos outros uma bola de neve e muito menos uma avalanche que nem o Armagedon. Cristo era manso. Manso de Espírito. Dos versos que faço - pobres sonetos di pasaji -, todos têm, ao menos, a verdade das minhas horas por viver. Antes que anoiteça, como é o título do lindo romance de Reynaldo Arenas, aquele que sentencia "a vida é uma questão de risco ou de abstinência". Também os meus versos são uma questão de risco ou de abstinência. E são-no por motivos existenciais. São-no, porque preciso ser também manso. Manso de Espírito. O ver as ondas nas rochas, a estrela em cisco no firmamento e a mão diáfona de alguém ou de algo (seria "le turbulent oiseau", seria?) no meu despertar, tudo isso me amansa. Dá-me descanso e remanso. E por tê-los, de rima desabrida e acto contricto, outros relâmpagos não poderia te ofertar nesses anos que são de Cristo e, por tudo, tudíssimo, deves suplantar...
Triste Poeta
Só quem já leu os versos de Valentinous Velhinho sobre aquela tristeza que "só na infância sabemos que há", saberia descortinar a fina neblina que tapava os meus horizontes. Estar triste para mim é ser aquela silhueta no quadro de Claude Monet, no Musée Marmottan. The Train in the Snow, se não me engano. E o médico diz: "Não se trata de um câncer na garganta, mas de uma alergia à poluição". E rio-me, como se te visse ao espelho. Já não poderás viver em Paris, Nova Iorque ou Lisboa. E terás mesmo de aderir à luta pelo Ambiente, reler os livros de Al Gore, criar um partido verde, essas coisas. Só quem leu os meus olhos (que já viram Lago de Garda e a Baía da Guanabara), poderia apreender, mal poeta enamorado de la luna, que guardara para ti os os versos mais tristes de Pablo Neruda. Aqueles de Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". O vento da noite gira no céu e canta. Dou-te alvísseras e aleluias. Deus seja louvado...
Albatroz?
Queres saber sobre o Albatroz? Relê o poema de Charles de Baudelaire: L´Albatros. Esse que, às tantas, diz: O poeta é semelhante ao príncipe da altura/Que busca a tempestade e ri da flecha no ar/Exilado no chão, em meio à corja impura/A asa de gigante impede-o de andar. O poeta só será feliz quando voa, como uma princípe da altura. E Berdiano? Mas isso já é querer saber demais. Há coisas que não digo. O roteiro do Autocarro #20 é o meu Rosebud com que Orson Wells abriu e fechou o belissímo Cidadão Kane. Não digo e, quem sabe, o enigma da minha felicidade...
Nu Vermelho
Estou aqui a repisar o Nu Vermelho e a escutar a música de Francis Cabrel. Hoje, estou na minha lua cheia...
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