sábado, 20 de setembro de 2008

Underground

De Chirico
Hector and Andromache
Underground

Morro de rir ao ler alguma malta nessa de “o meu absurdo é maior que o teu”, numa presunção de quem se ufana de sorver vómitos. Vejamos como é bonito, posto que aborda o amor, o quadro Hector and Andromache, De Chirico. Devíamos estar desviados para o bosão de Higgs, os quarks, os electrões e os fotões – algo que, a haver Deus, seria Ele o Criador da beleza com que teríamos de nos reproduzir. Mas falávamos sobre a (in) segurança e não do resto e da sobra que cada um vai comendo.

Ground 1

O debate sobre a (in) segurança – além, muito além, do suplemento da Polícia Militar – é um exemplo excelente daquilo que deveria ser o papel dos cronistas em horas mais gravosas: despertar sobre o que nos preocupa nesta sociedade, através da escrita, mas sem conceder a receios de flipar os pequenos deuses da esquina e seus caciques da bloga. Há muita violência na rua na cidade da Praia, em Cabo Verde e por onde vamos vivendo. Há também muita violência doméstica. Em suma, apesar do sério problema dos assaltos, Cabo Verde é ainda mais perigoso dentro de casa do que na rua. E, no que se refere à violência, não nos podemos ficar quedos e calados que nem ratos.

Ground 2

E não vale a pena enfrentar os Thugs com conversas para boi dormir. Os Thugs (do ghetto ou do berçário dourado, a mesma “merda” afinal) precisam, à medida que se constroem alternativas culturais, económicas e sociais (paz e água fresca, diga-se em abono da ironia), saber que, em democracia digna desse nome, não haverá para ninguém a premissa do sétimo mandamento do "Quinta dos Animais", de George Orwell - e o seu confinamento num só "all animals are equals but some animals are more equals than others" . Dura lex, sed lex…

Ground 3

Só que neste Reino da Dinamarca – insólito PDM sem luz, nem água, mas, à razão, “country under construction” -, a democracia tem os seus problemas genéticos e congénitos. O que se resvala nesta grande demagogia deriva de uns e outros terem sido ou colaboradores do fascismo colonial ou revolucionários embebidos num estalinismo de treta, incapazes de “trabalhar” valores da Ética e da Estética. Mais ainda, a chatice dos armados em trotkistas que se lhes juntaram e que, tal qual a chatice dos estalinistas, propunha (ora e outrora) uma hipótese de política absurda, construída sem afã da liberdade e alimentada na vã sede do poder.

Ground 4

Apetece fechar esta postagem com os versos de Pessoa:
Senta-te ao sol.
Abdica
E sê rei de ti próprio.

1 comentário:

Filinto Elisio disse...

(...) O caso do baleamento aconteceu esta madrugada, por volta das 2 horas, na Quebra Canela. Segundo uma nota da Polícia Nacional, o referido agente se encontrava no local à paisana a fazer vigilância nocturna naquela Praia quando foi abordado pelos quatro encapuzados. O indivíduo baleado foi socorrido no Hospital Agostinho Neto, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica e encontra-se internado mas fora de perigo (...)

Fonte: A Semana