quarta-feira, 11 de março de 2009

A sério e Entre-Nós


De repente

De repente, não mais que de repente, como diria o saudoso Poeta Vinicius de Moraes, dou comigo a navegar num mar enfarpelado e quase a servir de arma de arremesso de uns contra os outros. Bem avisara o Poeta Pablo Neruda, quando a Brutalidade (com maiúsculas, com maiúsculas, meus caros) lhe fora revistar a casa, que a poesia era uma bomba. Mas, agora a sério e Entre-Nós, o que acontece neste nosso reinozinho “da Dinamarca”? De repente, não mais que de repente, ora abusando do dístico poético do saudoso, dou comigo a rever os escritos, as atitudes e as latitudes. Tão transitivas têm sido as palavras das minhas crónicas! Quão esquizofrénicas as semânticas que se me soltam entre os dedos de ser poeta! Olho-me ao espelho, virtude que, sem falsas modéstias, acompanha este cronista e arredio caminho. Descontinuar o plano de voo, jogar a bússola e o GPS borda fora, andar, se preciso for, como os caranguejos e os kutumbembens. Descontinuar, desconstruir, desfragmentar. Reformatando. De forma mais soft. Há que ser menos medíocre na vida, ora. Há que saber ouvir a 9ª Sinfonia, de Beethoven, e permanecer na fímbria dessa elegante harmonia. Fácil é estar na aldeia com ares de chefe de posto ou de sabichão de serviço, sendo o conhecimento frágil e o poder biodegradável. Sendo o drama da força, a comédia da sua resistência. Sendo a própria escrita algo a se colocar em crise e em crítica. O passo em frente, não que eu seja fã de Lenine, embora lhe respeite o feito histórico (que atrevimento!), só se compadece aos dois passos de retaguarda. Com perdão pelo hermetismo. Convencem-me do hermetismo. Seja. Vejo-me mais intimista que hermético. Vejo-me poeta, sem que isso me faça melhor ou pior que o vulgo. Ordinary people. Ordinary man. Por isso, não haverá hostilidades. Não será por aí, com toda a certeza. Nem haverá glória (referindo-me aqui à alma que não se vai à lama, posto ser lixo o luxo), e tendes prova disso, no fazer as guerras alheias. Saio de fininho pela porta por onde entrei. Saio com a lisura da sombra, com que a sombra respeita o seu silêncio. À mímica. Longitudinalmente…

Luazinha

Uma luazinha tímida invade as minhas horas. É quando escrevo crónicas assim. Sem causa, nem consequência. E sendo redundante, quase chato: longitudinalmente!



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