Uma das coisas que adoro é o Cais de Pesca da Praia. Não à sua estrutura, que bem poderia ser melhor que aquela. Mas o frenesim. A azáfama da chegada das traineras, da descarga dos peixes, da diligência das vendedeiras. Do espírito marítimo, como se te ouvisse a declamar Ode Marítima, de Álvaro de Campos. O cais sendo, cá dentro, uma saudade de pedra. O frenesim do amanhecer no Cais de Pesca que integra a Baía da Praia, o recorte da orla, a silhueta das achadas, o portentoso dos montes, o uterino dos vales. O imprescindível ilhéu de Santa Maria, felizmente ainda não transformado em casino. O ilhéu de Santa Maria, outrora pensado em porto carvoeiro. Charles Darwin desembarcando no ilhéu de Santa Maria e na Praia Negra. O navio Beagle ali ao largo. A visão que não tivera Vasco da Gama quando por cá passara? Ainda antes de chegar à Índia, o mundo sendo o cais de São Januário entregue à sorte da ignorância. Esse Cais de Pesca, assim farto de peixe e de vida, adoro-o...
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