(POEMA DE ALMA DOFER CATARINO)
Como doem as mulheres
vestidas de verde!
Vestem-se de verde
as mulheres da minha dor
quando se travestem
de mulheres perdidas
Vestem-se de verde
as mulheres dos meus amores
quando se mascaram
de poetusas pedintes
perdulárias poetisas
carentes pitonisas
Como doem as mulheres
vestidas de verde!
Vestem-se de verde
as mulheres dos meus ardores
quando esbeltas amantes
fêmeas insones
ardentes predadoras
se transfiguram
em húmidas alucinações
em mim branco delas
esculturais sob a impura
e sonolenta cumplicidade
dos lençóis lascivos
Como doem as mulheres
despidas do verde!
Despem-se do verde
da máscara e das suas fulgurações
as mulheres dos meus alvores
quando discretos emboscamos
os íntimos medos os seus pavores
e devoramo-nos
e ressurgimos
límpidos e fogosos
os risos lúbricos
amplos cristalinos
Queluz e Lisboa, Janeiro de 2009
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