Não me faltam voyeurs. Já nem digo leitores para não parecer pedante. O meu amigo Dimas Macedo falaria em leitorado. Meu leitorado para cá, meu leitorado para lá. Mas ele, poeta do Sintaxe do Desejo, é um peso pesado. Eu, simples escrevinhador, cada vez mais bissexto, diga-se, tenho os meus voyeurs. Acompanham-me os sintagmas todos, escaneam-me os sintomas, a minha sintaxe desvirtuam-na e fazem ressonância magnética à semântica dos meus textos. Fecham-me o cerco e tratam-se de marear as minha viagens criativas. Arre, que tudo isto às vezes cansa e, quando não cansa, chateia. Logo agora que não me sobra tempo para depressão, apatia, essas coisas que, vez por outra, servem de húmus para medrar a poesia. Logo agora que, tivesse eu engenho e arte, juntava os fragmentos de mim e me formatava em força e resistência e, like a sex machine, como vaticinara James Brown, me reproduziria em 10, 100, mil, zil. Ou em tudo o zil, mil, 100, 10, que sou eu, compactado em 1. Ou em zip. Estou quântico? Cuidado que os voyeurs, não por serem hackers, mas invejosos de primeira apanha, cotovelosos do caraças, são maus de pensamento e de gesto. Indigestos, de resto. Quanto valeria o cêntimo jogado à Fonte de Trevi? O que pensaria Nero antes de queimar Roma? Ou haverá cumplicidade sideral em tudo isto, a tal de Vesúvio que, há 3.800 anos, arrasou Pompeia? Outrossim, porque nada é tão belo como o Vulcão do Fogo visto, ao por do sol, na Cidade Velha; de resto, porque eu começara a escrever sobre os meus voyeurs e me fui perdendo; destarte, fico ora por aqui...em perdido.
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