sexta-feira, 6 de julho de 2007

A Fonte de Sangue

Sinto por vezes que meu sangue corre em fluxos,
Assim qual uma fonte em rítmicos soluços.
Eu bem que o escuto numa súplica perdida,
Mas me tateio em vão em busca da ferida.

Pela cidade vai, como entre espessos buxos,
As lajes transformando em ilhas e repuxos,
Matando a sede em cada boca ressequida
E a paisagem deixando em púrpura tingida.

Muitas vezes pedi a um vinho caviloso
Aplacar por um dia o horror que me domina;
O vinho aguça o ouvido e os olhos ilumina!

Busquei então no amor um sono descuidoso;
Mas o amor para mim é um leito de suplício
Que a sede há de saciar a essas ninfas do vício!


Charles Baudelaire

1 comentário:

AfonsoHRAlves disse...

Reler é fundamental.
caro elisio, voce realmente tem bom gosto.
http://dionisios.zip.net
ps.
é ninfas no fim do poema.