Sinto por vezes que meu sangue corre em fluxos,
Assim qual uma fonte em rítmicos soluços.
Eu bem que o escuto numa súplica perdida,
Mas me tateio em vão em busca da ferida.
Pela cidade vai, como entre espessos buxos,
As lajes transformando em ilhas e repuxos,
Matando a sede em cada boca ressequida
E a paisagem deixando em púrpura tingida.
Muitas vezes pedi a um vinho caviloso
Aplacar por um dia o horror que me domina;
O vinho aguça o ouvido e os olhos ilumina!
Busquei então no amor um sono descuidoso;
Mas o amor para mim é um leito de suplício
Que a sede há de saciar a essas ninfas do vício!
Charles Baudelaire
1 comentário:
Reler é fundamental.
caro elisio, voce realmente tem bom gosto.
http://dionisios.zip.net
ps.
é ninfas no fim do poema.
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