Peace and love
Perdi um grande amigo – Zeca Correia. Ele acaba de falecer em Boston, depois de uma doença prolongada. Morreu lúcido e amigo, como sempre foi. Entre muitas outras coisas, Zeca Correia foi uma figura destacada da comunidade cabo-verdiana. Fundou, com mais companheiros, o Gabinete de Produção Mediática e a Conferência Anual Amílcar Cabral e Martin Luther King Jr., e foi um dos activos no Programa Educacional Bilingue. Uma figura…esse saudoso amigo!
O paradigma de Virgínia
A América continua a dar as cartas em matéria de Direitos e Liberdades. A América profunda, naturalmente. Aquela que nos legou Thomas Jeffersson e Marin Luther King Jr., e que, ainda hoje, atribui Óscar ao senador Al Gore pela Verdade Inconveniente. Esta América dos meus filhos, do jazz e da constitucionalidade. Livre, libertária e, genuinamente, liberal. Leio que o Estado de Virgínia assume desculpas formais devido à Escravatura, o maior atentado contra os Direitos Humanos em toda a História. Assume-o com causa e consequência. Obviamente que haverá algum desconforto entre nós que ainda temos orgulho dos nossos ancestrais escravocratas e nos envergonhados daqueles escravizados. Que veneramos a parte de nós, que é europeia e branca, mas que diluímos a africanidade, a negritude que nos lateja nas veias. Mas este desconforto é uma enorme e necessária terapia. Para que sejamos integralmente nós. Para que possamos discursar no mundo e, depois disso, não se ria de nós, dessa identidade titubeante em “forma de crioulo basofo”. Não por uma questão retrospectiva, mas pela vertente prospectiva. Precisamos ter uma visão futurista da escravatura. Como fazer desse passado, de enorme tragédia humana, uma condição humanista de vida futura. Com soberania, democracia e desenvolvimento. Senão, seremos sempre pós escravizados e pós escravocratas. O prolongamento da tragédia, com o vergonhoso disfarce neo-liberal. Pois é, meus caros, temos de acompanhar (com interesse, pelo menos) o que está a acontecer em Virgínia. Nos Estados Unidos…naturalmente.
Em Claridade
Apreciei a posição do poeta Mário Fonseca sobre a questão da celebração do centenário do Movimento Claridoso. Temos de evitar a capelinha de balcanizar os grandes momentos da história de Cabo Verde. Claridade foi um momento que transcende o tempo e o lugar. Em consequência, ela deve ser celebrada por todos e em todo lugar. Em jeito de assumida provocação, já que os fantasmas deixaram de meter medo, anuncio um encontro sobre os Claridosos, no próximo ano, em Fortaleza, Brasil. A engenharia já está a ser montada. É que os nordestinos do Brasil parecem ter alguma “culpa” em tudo isso. E mesmo que não tivessem. Poderia ser em Pequim, Lisboa, Praia ou Mindelo. Consenso? Mas que palavra feia entre os homens de Cultura. Desnudemo-nos de tiques e preconceitos. Com a modernidade de Mário Fonseca. Cabo-verdiano, cidadão do mundo…
Sem comentários:
Enviar um comentário