segunda-feira, 30 de junho de 2008

Absolut 33



1. Tenho um País que faz 33 anos

a) É um aniversário no meio de alguma “bronca pós eleitoral” que, mormente simbólico e emblemático (33 era a idade de Cristo), corre o risco de passar desapercebido. Pessoalmente, renego a ideia de que isto está por um fio, por causa da subida vertiginosa dos combustíveis e da subida perigosa dos alimentos. Isto é apenas mais um grande desafio. O País cresceu, mercê da Independência Nacional, virou democrático e ganhou mais encaixe contra os choques externos. É preciso fé e crença. Vale ter muita força para vencer os desafios da vulnerabilidade. Mas há governabilidade, credibilidade e estabilidade. É investir nisso e entrar, em festa e com entusiasmo, na idade…da maturidade;

b) No 30º aniversário da Independência Nacional, fez-se festa rija e merecida. Em Julho de 2005, Cabo Verde vivia em plena euforia. O País estava percebido como a sair dos PMA e o seu Índice de Desenvolvimento Humano era o 3º melhor de toda a África. Ademais, os dados macroeconómicos indicavam que finalmente estávamos a mudar, e no bom sentido. E fez-se festa rija, em parâmetros de qualidade: Cabo Verde, este país africano “diferente”, tinha promessas do MCA e estava a caminhar para a Parceria Especial com a União Europeia. Transicional…

2. Falava-te outro dia do Homem-Aranha

a) Sem muita surpresa, ouço, pela RCV, a composição do Governo remodelado. Ouço também (sem alguma surpresa), em sua justiça de antípoda, Fernando Elísio Freire. José Maria Neves, o melhor primeiro-ministro da História deste País, diz que é o “governo possível”. Das caras novas, gostei de todas, esperando que Vera Duarte leve “mais Cultura e mais Direitos Humanos para a Educação” e que José Maria Veiga, vindo da Luta Contra a Pobreza, veja a “Agricultura como Segurança Alimentar”. E dou alvíssaras a Fátima Fialho e a Janira Hopffer Almada;

b) O Homem-Aranha galga paredes e salta para o abismo e é o único que voa no improvável. Bem dizia Ovídio Martins, um dos maiores poetas de Cabo Verde e demasiado decente para o tempo e o espaço, qual o único impossível: mordaças a um poeta. Entrementes, no território da política, faz-se apenas o possível. Até nos brinquedos (e aprendi isso com o meu filho), o Super-homem não é “super de verdade” e o Hulk não é incrível como parece. Mas o Homem-Aranha, esse é bom demais…

3. Miscelâneas

a) O complexo turístico Predracim Village faz 5 anos. E apetece-me felicitar o seu promotor e gerente José Pedro Oliveira (Djopam), pela inovação, aposta e qualidade, mostrando-nos que o operador nacional pode sim estar no mercado turístico de forma competitiva e digna. Djopam descobriu (como o rato proverbial da experiência científica) que era possível vencer o mercado sem desenfreio especulativo, mas com sentido comunitário e ambiental. Um fim-de-semana em Pedracim Village é (re) descobrir que Cabo Verde é “sabe pa fronta”;

b) Quero, aqui e agora, assinalar a participação de Artemisa Gomes Sequeira que representará Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos de Pequim, em Setembro próximo. A proeza dessa jovem de 26 anos é lançamento de disco e de dardo, modalidades em que tem galardões nas competições africanas recentes. Artemisa, que é orgulho de um país aos 33 anos, significa a tenacidade e a força da juventude cabo-verdiana. Convido-vos a acompanhar essa estrela;

c) A celebração do 33° Aniversário tem este ano um travo de grandeza, em França: a inauguração na cidade de Saint Denis (Área Metropolitana de Paris) de uma avenida com o nome de Amílcar Cabral, o Pai da Nação Cabo-verdiana. Palmas para a equipa do Embaixador José Duarte (eia José Leite) e a sua rede de diplomacia cultural, económica, política e o que mais queiram. Amilcar Cabral, honremos a sua memória, é ainda o nosso maior capital da diplomacia…

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