quinta-feira, 26 de junho de 2008

Circo Sem Poesia


Charge de HENFIL

Creio ter sido de Octávio Paz a frase: “Se os líderes lessem poesia, eles seriam mais sábios”. E isso vem a propósito da última sessão parlamentar, no decurso de um debate bizarro e bizantino sobre a “política dos transportes”. Estes adjectivos, passe o eufemismo, devem-se ao baixo teor das interpelações e à paralaxe invertida das explicações. Às tantas, pareciam mudos a falar a surdos e, da bancada dos espectadores, as gargalhadas eram contidas em forma de sorrisos. Mas o pior (ou o melhor, a depender do prisma) terá sido a recusa da poesia por parte dos entes parlamentares. Cada um afiançava-se (com a arrogância de um rei decadente e carcomido) que não fazia poesia e acusava o outro de tamanho ilícito. Creio ter sido de Arménio Vieira estes versos: “Gente oca, cabecinha de alfinete”…


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