sexta-feira, 13 de junho de 2008

Batukador




N ta bai mar
N ta bai mar
N ta murgudja na azul…


Ecológico, guerreiro e talentoso são os adjectivos que qualificam Carlos Alberto Sousa Mendes (Princesito), compositor, poeta e intérprete de Monte Iria, Tarrafal, na ilha de Santiago. Tais atributos ficaram, ontem, mais do que consagrados no espectáculo “Mi en Si”, promovido pelo Centro Cultural Português da Praia/Instituto Camões, iniciativa do seu já imprescindível responsável, João Neves.

O artista em ajuste directo e em perfeita proximidade. Não éramos muitos a assistir “Mi en Si”. Apenas três dezenas de “good fellows”, amantes da boa música e crentes (no meu caso, desde “Lua”) de Princesito, um artista que consegue transportar o terreiro do batuque para um ambiente mais intimista e “cool”.

Nesse élan, Princesito recriou, com excelência e humor - do blues ao finaçon, passando pela morna, mas sempre na clave e com o timbre de “Batukador” -, a magia que se quer ao entardecer de uma quinta-feira. “Mi en Si”, cá para mim, é o momento interjeccional entre o Sol (também nota musical) e a Lua (a que Princesito suplica: “fika ku mi mas un kuzinha/ dexa n lambuxa na bo”), beleza do desamparinho tão-somente.

Como em tudo a exalar bom gosto e qualidade, “Mi en Si” soube-me a pouco. Queria-o ainda mais íntimo. Queria-o ainda mais longo e mais compacto. E falando de quantidade e intensidade, como diria Caetano Veloso, muito é muito pouco.

O que sobra é um trio inimputável a garantir mais do que o básico em termos de melodia e ritmo. Na tchabeta finkadu, onde o espírito de Nha Bibinha Cabral vem ao de cima e o público canta e bate palmas, porque a Preta de quem é? La negra é di boah, kanadja, Batukador!

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