segunda-feira, 23 de junho de 2008

Tu és a minha água. Tu és a minha água dos mares daqui




Direito ao djatu


Como poderia estar posto em sossego se cinco milhões de crianças estão condenadas neste ano a morrer de fome? Como poderia estar em paz com a lua que, no dizer de Princesito, ta lumia pretu, ta lumia branku, se adolescentes grávidas são banidas do ensino secundário aqui nas ilhas? Como posso me apaziguar com esta leda madrugada se algures um navio-de-guerra estrangeiro perscruta no mar os clandestinos da Costa, não para os dar porto seguro, mas para os deportar para a fome e para o desespêro? A lista de paradoxos tornou-se enorme e nos desafia a reflectir acerca da condição humana. Para que não regridamos aos modos de vida marcados pela barbárie. Precisamos exercer (também na escrita) o direito ao djatu para exorcizarmos o fantasma do evidente egoísmo que inebria o humano.

Chile de Pablo Neruda e de Victor Jara

Creio que uma boa parte dos leitores não sabe que Salvador Allende se suicidou com um fuzil, oferecido por Fidel Castro. O primeiro marxista na história a chegar à presidência, via eleição livre e democrática, completaria agora 100 anos. Desde que assumiu o poder, o imperialismo e a direita criaram condições de instabilidade no Chile de Pablo Neruda e de Victor Jara que culminaram no golpe fascista liderado pelo animal Augusto Pinochet.

Dos ópios, escolha o diabo

Falando em Marx, creio que o filósofo se esqueceu de nos contar do segundo ópio: a ideologia política. Entre os dois ópios, venha, pois, o diabo e escolha. Estou por fora…

A cartomancia da escrita

E não é que revejo a minha leitora da Av. Cidade de Lisboa? Esta, contrariamente a muitos, anda radiante com a "nova linha" deste cronista. Diz que gosta mesmo é de prosa-poética e me adianta logo meia-dúzia dos melhores confrades. Com o ego massajado, ouso ali a inconfidência de como começaria a minha próxima crónica: Tu és a minha água. Tu és a minha água dos mares daqui…E eu, que afinal gosto mesmo é de poesia, fico de gaiato diante da ventura da confraria. Acabaram-se as eleições e os "jogadores de bancada" começam a comentar o esquema táctico duns e doutros. Nesta hora, há de tudo: arrogância, oportunismo, preconceito, miopia e estupidez política. A cartomancia dos nossos escribas chega a ser batoteira. Estes nos têm vendido (nos três semanários da praça) gato por lebre…

Os que no meu peito fazem morada

Aos meus amigos, porque de repente, não mais que de repente, eles contam muito, estes versos de Dunga Odakam... aos que me são caros, meu afecto, zelo e cuidado/ Aos que me são raros, bom ouvido e brando facho para envolvê-los em energia./ Aos amigos que me são calmos, um mar de ventos sábios a navegá-los./ E aos frágeis, meu coração cedo ou tarde para aportá-los./ Aos amigos que são ternos, a luz azul calmante dos universos. E aos que no peito fazem morada, muita força para o dia e poesia para a madrugada.

3 comentários:

Sereia do Mar disse...

Sempre um prazer beber da fonte do teu blogue.

A proposito dos amigos, e de Neruda li a dias um poema que achei "di mas" como sao todos os deles. Ando a procura da versao original mas por agora vai esta:

I can't just suddenly tell you
what I should be telling you,
friend, forgive me; you know
that although you don't hear my words,
I wasn't asleep or in tears,
that I'm with you without seeing you
for a good long time and until the end.
-Pablo Neruda


Peace,

Sara

Filinto Elisio disse...

Sara, Sereia do Mar

Por onde andas? Tenho saudades dos velhos tempos em Nova Iorque...

Sou Blogueiro bissexto e descomprometido. Um Albatroz, com alma cabo-verdiana, tâo simplesmente.

Um abraço deste tamanho,

Filinto

Sereia do Mar disse...

Oi Fimfim,

Alem li,
NY sta longi, juventude ainda mas
pero los amigos sempre cerca
(thanks to the blogs).

visitando e adorando

Sara