O labor poético é um lampejo da razão e da emoção. Esta e aquela repartem, ela por ela, o talento de quem escreve. E, salvo engano, a metáfora aflora-se-lhe, ora da tristeza, ora do contentamento; entretanto, sempre pela clarividente presteza de um saber atento. Camões vaticinava-o nesse cruzamento entre o engenho e a arte. Borges descortinava-o pelos intrincados labirintos de uma biblioteca. Arménio, cá da urbe, via no Poeta (em figura de Pessoa) um calceteiro muito lido. O que ressoa em mim – já que verso pode ser diverso, mas poesia sempre uma estranha cotovia -, é a vertigem de se confeccionar o prato sem receita e a liberdade de se dispor, em quanto baste, tudo da palavra.
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