segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Sense Of Humor




Kriol Jazz Festival

Não sei a quem realmente agradecer pelo maravilhoso fim-de-semana de Kriol Jazz Festival. Antes de mais, à Câmara Municipal da Praia pela ousadia de transformar em festival a “outra música”, a inumerável música de qualidade que a elasticidade da semântica chamará de “jazz”. Igualmente, pela Produção Harmonia, vê-se que coisa fina, da melhor cepa e estampa. O palco, a Praça Luís de Camões (ora Praceta Dr. Lereno, ora Praça da Reitoria da Universidade), o público que vibra com Lenine e pede bis, tris, parou porquê, porquê parou, e que dança com Jorge Reys e Banda pela madrugada, os aficionados que cantam com Yuri Boanaventura, tudo muito mágico, com tanta metáfora. Ver e ouvir Mário Lúcio, com uma banda híbrida e boa, a estilizar a ladainha é momento raro que a recordação irá resguardar aqui no chip. Sentir o pulsar reinventado de Tcheka, ele todo mais que artista, mas Arte em pessoa. O som pesado de Meddy Gerville, o kora de Ba Cissoko, que lembra, mas com genica de um Richard Bona, Andreas Vollenweider. Para continuar…

Horace Silver

Como munícipe desta cidade, não estarei desautorizado a fazer propostas. Que a edição do próximo ano seja em tributo a Horace Silver, o maior jazz-player cabo-verdiano-americano, felizmente ainda vivo e sem a ventura de conhecer Cabo Verde. Silver foi o criou o hard bop, estilo mais influente do jazz desde os anos 80. Ele tocou com Stan Getz, Miles Davis, Coleman Hawkins e Lester Young. Com Art Blakey, ele criou os Jazz Messengers. Mais: tem duas músicas com reminiscências cabo-verdianas – The Capeverdean Blues e Song For My Father. Vamos, minha gente, homenagear Horace Silver. Passaporte Diplomático, Chave da Cidade, Doutor Honoris Causa, essas coisas. Como diria Silver, Jazz has a sense of humor

Modo de preparo

O segredo está no tempero à minha moda. Seja pernil de porco ou badejo no forno, seja Molho de São Nicolau, seja Djagacida, a chave do enigma começa no fogo lento, alho, limão, gengibre e coentro. Juro que vou escrever um livro sobre os temperos. Dos pratos aprendidos em Providence. Dos experimentados em Marraquexe. Da cavala frita ao molho escabeche. De como acompanhas as medidas e cronometras o tacho de feijão. De como o azeite extra-virgem e o azeite balsâmico se acasalam. De como marinar esse carpaccio de atum. Sem cardápio, sem salamaleque. Slow food. E que tal um festival de slow food crioulo? Salsa, agrião e sal grosso. Sobrando-nos apenas e tão-somente o modo de preparo…

Vela para Nossa Senhora da Graça

Hoje, estou mais calmo. Dirás que acendi uma vela para Nossa Senhora da Graça, minha padroeira. Dir-se-ia que bate em mim um remanso qualquer. Será da voz de Yuri Boanaventura que nem cantou Ne Me Quite Pas? Será do texto sobre feng shui que me torna, a par e passo, crente do Oriente e das montanhas do Nepal? Será dos olhos dos meus filhos escuros e grandes com a noite? A noite me apazigua o pensamento, não sei se devido ao vento ralo ou à sombra que se desprende dos beirais…

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