terça-feira, 22 de novembro de 2005
Da última marcha
Seja esta a última marcha e venha depois outro tempo. Em fila e em parada, como se fossemos militares. Blocos e mais blocos. Bandeiras. Cores e hinos. Seja esta a última revista e desça depois sobre nós a estação das flores. E de repente, termos sido o halo de uma breve fumaça. Esvoaçante. Livre. Para dançarmos ao crepitar dos fogos. Hirtos, lá vão eles a cantar o novelo dos dias. Cidade erguida agora com monumentos. Cidade de ruas incaracterísticas, onde a canalha urina e defeca nas esquinas. Cidade que amamos com, se necessário, sangue, acima de todas as outras. Cidade, toda ela útero, tomada de visco dos transeuntes. E dos automóveis enlouquecidos nas rotundas. Venha depois outro tempo e sejas para mim a dançarina misteriosa na praça vazia. E o resto, lua, luar, tua dança nua. Dessa nudez de última marcha…
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1 comentário:
Não resisto a comentar: é dos melhores posts que já li aqui.E não é nada fácil dizer qual é melhor entre tanta coisa bem escrita...
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