Quem,
me_xendo no baú
de tua tatuagem
desenhou-te
(em lápis de cor
ou, sei lá, tinta da China)
negro dragão
tão alva lua
e graciosa borboleta?
Quem,
vasculhando-ú
de tanta miragem
navegando-te
(em teu corpo-delito)
pecou maçã
tâmara
e manga-rosa?
Sabê-lo ser alguém
de ditoso e de distante
(que é do vaga-lume sem sua noite?);
Sabê-lo,
por teus cantos, demorado
(como pão quente, chá de manjerico e milho novo);
Sabê-lo,
silente de guardado,
ou tão-somente silenciado
(tresandando sândalo e seu pecado)...
Ah, sem tanto alarde,
desoficinar poesia
(e sabê-lo Deus, todavia);
Ah, mesmo que tarde,
seres lacre que sela
carta já fechada à língua;
Seres, ainda que cifra,
toda a mensagem de olhos
tua nuvem virando viagem...
Ou luar,
que comigo assim mexe,
agora que nua te pressinto
re_mexendo...
1 comentário:
Filinto,
Assisti ontem a sua palestra na USP. E fiquei bastante impressionado com a sua conciência sobre o fazer poético e a sua desacralização dos suportes canônicos da poesia e a sua propostas de novos suportes, não como novos paradigmas eternos para todo o sempre, mas como uma propósta de nos servimos de outras possibilidades e até também como uma proposta ecológica... Até escrevi sua declaração sobre a consideração, a lá, Paul Zumthor, "O grande propósito da minha poética é colocar a poesia no corpo, fazê-la corpo..."
Abraço, e obrigado pelo grande momento de deleite...
Mauro Henrique.
Ps: Deveria ter perguntado ontem, mas enfim, queria saber quais são seus poetas favoritos brasileiros. Você citou alguns contemporâneos, os quais não conhecia, mas enfim, queria saber quais os seus favoritos.
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